Moro demonstra que sua candidatura não é uma aventura, como dizem os adversários
Ex-juiz quer se aproximar da ala das Forças Armadas que não morre de amores por Bolsonaro para ajudar no seu projeto eleitoral
Tem uma porção de gente querendo conversar com o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à Presidência pelo Podemos. Moro, por enquanto, está observando a situação. Fala pouco. Já tem uma boa equipe formada e demonstra que sua candidatura não é uma aventura, como dizem alguns adversários. Parece que ele está gostando. Ao falar nesta segunda-feira, 29, o governador paulista João Doria afirmou que agora sua principal prioridade é se encontrar com Sergio Moro para conversar sobre a terceira via nas eleições de 2022. Doria não esconde de ninguém: quer construir uma candidatura única. João Doria sabe que seu partido, o PSDB, está caindo aos pedaços. É quase cada um por si. Doria sabe que tem muito a fazer para unir o partido. E o pior: ele sabe, também, que não vai conseguir unir coisa nenhuma, porque tem muitos inimigos dentro do partido.
Doria viajará para Nova York. Assim que regressar, vai ao encontro de Moro e da presidente do Podemos, deputada Renata Abreu. Doria tem elogiado Sergio Moro para todo mundo. Diz que Moro tem protagonismo na frente democrática liberal e social. E é nessa condição que ele decidiu ser candidato para enfrentar Lula e Bolsonaro. O governador de São Paulo também comentou até que pode ser o vice na chapa de Sergio Moro, mas ainda não é hora de falar sobre isso. Muita coisa deve acontecer daqui por diante. Doria afirma que sempre se deu bem com Sergio Moro, desde quando ele era o juiz da Lava Jato, exterminada pelo Supremo Tribunal Federal, para o alívio dos corruptos poderosos do Brasil. Mas não é só João Doria que anda atrás de Sergio Moro, não. O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, também. Rompido com o presidente Bolsonaro, Mourão quer, na verdade, que tudo se dane. Por isso está se aproximando de Moro em busca de apoio, já que pretende ser candidato ao governo do Rio de Janeiro. Bolsonaro, por seu lado, não quer saber quais são os rumos do seu vice. E Mourão escolheu, então, unir-se a Moro, um dos piores inimigos do presidente.
Bolsonaro comentou o assunto enigmaticamente. Não se sabe bem o que ele quis dizer a Mourão. Bolsonaro observou que Mourão tem que ter um paraquedas reserva. Não se sabe ao certo o que é ter um paraquedas reserva. Será que o paraquedas de Mourão não vai abrir? Ninguém sabe ao certo o significado disso, mas os amigos de Mourão amenizaram a fala de Bolsonaro, dizendo que o presidente pensa até em apoiar o vice Mourão nas eleições de 2022, desde que o cargo que escolher não crie nenhum tipo de conflito com o governo federal. Mas Mourão quer mesmo se aproximar de Sergio Moro, e a aproximação dos dois foi feita por vários amigos comuns. Alguns bastante entusiasmados, caso do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi ministro de Bolsonaro, mas deixou o governo rompido com o presidente. Santos Cruz chega a dizer que o general Hamilton Mourão pode até ser o vice de Sergio Moro. Por seu lado, Moro pede calma. Por enquanto, ele quer se aproximar da ala das Forças Armadas que não morre de amores por Bolsonaro para seu projeto eleitoral. A coisa está caminhando. A candidatura de Sergio Moro deu uma movimentação maior à política. Não é fácil encontrar uma terceira via num ambiente assim cada vez mais sórdido. Mas, de repente, quem sabe, ela pode aparecer.
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