No Brasil de hoje, é bem capaz que negacionistas sejam homenageados com medalha
Atriz Elizângela, que se recupera da Covid-19, parece orgulhar-se ao dizer que não foi vacinada contra a doença
Num país de livre expressão, os negacionistas têm o direito de pregar suas alucinações, isso não se discute. Podem matar-se em praça pública defendendo suas ideias. Mas não podem, por exemplo, fazer terrorismo. Têm que deixar a população em paz. Direito à expressão é uma coisa, criar clima de pânico é outra. E é o que vem acontecendo. Em nome da livre expressão de pensamento, próprio da democracia, abusam desse direito para criar profunda instabilidade entre as pessoas. A internação da atriz Elizângela por Covid, e que chegou a ficar em estado grave, se tornou rapidamente no marco do negacionismo no Brasil, onde essa condição diante da doença parte especialmente do governo e encontra nos meios de comunicação intensa divulgação, principalmente nas redes sociais e no jornalismo.
Sabe-se que personalidades públicas negacionistas têm maior poder para influenciar a sociedade negativamente. Tornou-se comum ver a pregação contra a vacina. E os que se colocam nessa posição fazem verdadeiros discursos contra a ciência, como abutres à procura de um cadáver. A atriz Elizângela já teve alta, mas está irreconhecível. No entanto, parece orgulhar-se ao dizer que não foi vacinada contra a Covid, como gritam as hienas todos os dias, deixando a população sem saber que rumo tomar diante de tanta desinformação e inverdades despejadas todos os dias na cabeça de quem procura se proteger. A atriz, de 67 anos, ficou internada por quatro dias e quase perdeu a vida. Imediatamente, ao deixar o hospital, ela usou a rede social para dizer que não tomou nem vai tomar a vacina. Em outras palavras, postou o que vinha fazendo há algum tempo, dizendo que a vacina obrigatória é como um estupro. Junto aos textos, costumava colocara imagem de uma seringa com a agulha e um braço estendido para receber a vacina com a frase “penetração sem consentimento é estupro”, dizendo ainda “meu corpo, minhas regras”.
Postava, também, textos nos quais dizia que a pandemia é uma farsa, criticando duramente especialmente o governador de São Paulo, João Doria. A atriz continua o tratamento em casa, utilizando oxigênio e fazendo exercícios respiratórios, observando que não toma a vacina porque “não é cobaia”. Exatamente o que dizem os propagadores do negacionismo, que usam os meios de comunicação para passar adiante inverdades que apenas agravam cada vez mais o problema do coronavírus no Brasil. Criticando a imprensa, Elizângela se diz revoltada com o que ela chama de “fake news” da qual foi vítima. Neste final de semana, afirmou não ser contra a vacina: “Sou uma senhora de 67 anos que vai tomar a vacina contra a gripe”. Não se sabe se essa frase é uma ironia. Deve ser. Assinalou não saber se teve Covid e minimizou tudo o que passou, quando esteve à beira da morte, segundo os médicos que a atenderam no Hospital Municipal de Guapimirim, na Baixada Fluminense. Disse que está se fortalecendo para colocar seu “organismo legal, firme, zinco, aquelas coisas, vitamina D”.
O rosto da atriz mostra as sequelas da doença. Elizângela está completamente desfigurada. E, ainda assim, segue firme no seu negacionismo, criticando a vacina e qualquer medida contra a Covid. De atriz de mais de 30 novelas na Globo passou a ser uma espécie de heroína do negacionismo em relação ao coronavírus no Brasil. Infelizmente, as consequências foram grandes. Mas nada faz a atriz mudar de ideia. Os negacionistas de fato têm razão. Os abutres de todos os dias falam contra a vacina, discurso que aumentou raivosamente com a vacinação de crianças de 5 a 11 anos. O que vemos hoje é uma sociedade que tem medo. Tem medo de tomar a vacina e tem medo de não tomar a vacina. Esses que plantam a dúvida na população vão continuar com essa pregação irresponsável, fruto de uma mente doente. No Brasil de hoje é bem capaz que serão homenageados com alguma medalha.
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