Por que o ex-amigo Abraham Weintraub agora quer ver Bolsonaro pelas costas?

Ex-ministro da Educação já afirmou que presidente não conseguirá a reeleição e questiona escolha do governo na corrida eleitoral em São Paulo

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 27/06/2022 16h38
Marcelo Camargo/Agência Brasil weintraub Abraham Weintraub está rompido com o presidente Jair Bolsonaro

Aquele que foi um dos maiores amigos do presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro exonerado da Educação Abraham Weintraub diz estar torcendo por Lula nas eleições de outubro, juram alguns bolsonaristas. Além disso, afirmou que Bolsonaro perderá a eleição por conta da inflação e de novos casos de corrupção que vão surgir no governo. Quem não se lembra daquela fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, em que uma das grandes estrelas do encontro foi o então amigo Weintraub — aquele que disse aos gritos que colocaria na cadeia todos os “vagabundos” do Supremo Tribunal Federal. Essa declaração amentou a crise entre o governo e o tribunal. Crise que nunca termina.

É mesmo uma declaração que merece entrar para os anais da triste história brasileira. Mas não houve jeito, Weintraub teve de deixar o governo. Bem que Bolsonaro tentou salvar a cabeça do seu amigo do peito, um ministro que só criava caso com tudo o que via pela frente e muitas vezes agia infantilmente para atingir adversários políticos. A verdade é que não dava para aguentar mais. Mas não para aí. Não. Exonerado, Weintraub foi para os Estados Unidos, onde entrou sem cumprir a quarentena obrigatória, conforme informou o Brasil de Fato, via Lei de Acesso à Informação. Nesse período, os brasileiros estavam obrigados a cumprir a quarentena antes de entrar nos EUA por causa da pandemia do coronavírus.

Um dia depois da exoneração, os jornais brasileiros (e também os internacionais) que acompanham as loucuras do país escreveram, com todas as letras, que havia caído o pior ministro da Educação que o Brasil já teve em sua história. No entanto, o amigo do peito de Bolsonaro não saiu de mãos abanando. Indicado pelo governo federal, via Ministério da Economia, recebeu de presente um cargo no Banco Mundial, onde virou diretor-executivo. Mas aquilo estava muito monótomo. Então, renunciou no dia 30 de abril de 2022 e voltou para São Paulo. Filiou-se ao Brasil 35, antigo Partido da Mulher Brasileira. Seu objetivo era ser candidato ao governo de São Paulo. Aquele amigo do peito de Bolsonaro tornou-se não um adversário, mas inimigo do governo.

Weintraub queria enfrentar o candidato de Bolsonaro, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas. E discutiu com o presidente pelos jornais. Aquele amigo do peito não existe mais. No escândalo de corrupção envolvendo o pastor Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, Abraham entrou em cena de maneira contundente, repetindo o que vinha dizendo para todo mundo: que Bolsonaro vive a síndrome de Estocolmo do Centrão e foi seduzido pelo poder a ponto de humilhar e atacar as pessoas que estiveram com ele desde o início. Abraham Weintraub atacou o agora inimigo, dizendo que outros escândalos de corrupção vão surgir no governo antes das eleições de outubro. Ele tem afirmado que Ribeiro saiu, mas a turma toda ficou. Garante que “eles” continuam atuando e que há muito mais coisas acontecendo no MEC: “Eu vi como é a sanha do pessoal, a sanha é desesperada”.

O ex-aliado do governo observa que a turma que gerou todo esse “caroço” continua no MEC e que os desgastes vão continuar. Para completar, o ex-ministro Weintraub aposta que Bolsonaro vai perder a eleição para Lula por causa da inflação e da corrupção, sem contar as promessas não cumpridas. Esse é o ex-amigo do presidente, que chegou a ser ministro da Educação do Brasil, um desastre completo. Nesse caso, a culpa é do presidente, de mais ninguém. Mas, na verdade, levando a vida que leva como presidente da República, Bolsonaro já nem se lembra que existe alguém que atende pelo nome de Abraham Weintraub. No máximo, entrará na lista dos equívocos.

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