Universidades federais correm o risco de interromper o funcionamento por falta de dinheiro

Instituições de educação são colocadas em segundo plano no Brasil e tentam sobreviver

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 08/06/2021 11h57 - Atualizado em 08/06/2021 12h24
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Divulgação/UFRJ Fachada do prédio da Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro pode fechar as portas por falta de dinheiro

Quase inútil procurar uma notícia otimista em relação ao Brasil, em qualquer setor. Para quem gosta de notícia ruim, como este colunista, o Brasil é o lugar onde elas se multiplicam. Parece que nada funciona. E agora caímos no campo da futrica, em que os problemas são tratados com descaso e até mesmo um desprezo difícil de acreditar. E entre as belas notícias brasileiras atuais, destaca-se a que informa que, por falta de verba, a Universidade Federal do Rio de Janeiro simplesmente pode fechar as portas e o mesmo pode acontecer com várias outras unidades. É mais ou menos assim: Está faltando dinheiro? Corta da educação. E isso tem sido feito, medida que atinge, também, a área da Saúde. O Brasil não é mesmo um país para amadores. Para viver no Brasil, há necessidade de um preparo especial para não enlouquecer. Essa notícia de que a UFRJ poderá fechar por falta de recursos foi divulgada nos jornais do mundo inteiro, especialmente nos da Europa e Estados Unidos. Porém, não é só a Universidade Federal do Rio de Janeiro que corre esse risco. Não. Muitas outras não sabem mais como seguir, por falta de verba. As informações são do Painel do Orçamento Federal.

Basta dizer que, atualmente, as 69 instituições universitárias federais contam com a mesma verba que tinham as então 54 em 2004. Com um detalhe: há 17 anos, essas universidades tinham 574 alunos, hoje somam 1,3 milhão. Além da UFRJ, o problema atinge a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Federal de Brasília (UnB), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e outras. A Universidade Federal de Minas Gerais divulgou uma nota oficial afirmando que os cortes de 2021 fizeram a universidade voltar ao patamar de 2009, deixando claro que pode paralisar suas atividades. Já a Universidade Federal de Brasília esclareceu que a Lei Orçamentária Anual de 2021 cortou em 100% os recursos para investimentos. É impossível seguir assim, por isso a UnB trabalha para a recomposição do orçamento de 2021. Estão todas com a corda no pescoço. E não foi por falta de aviso.

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) alertou o governo que o corte na verba das universidades federais em 2021 poderá inviabilizar o ensino universitário no país. Mas de nada adiantou. A redução da verba foi de R$ 1 bilhão. A Universidade Federal de São Paulo já comunicou ao governo que, se não houver liberação de mais recursos, a instituição não terá condições de arcar o funcionamento básico a partir de julho. A verdade é lastimável. Mas o país optou por colocar a educação em segundo plano nas suas prioridades. Falta dinheiro até para pagar a luz, água, segurança e infraestrutura, além de bolsas de estudo e programas de auxílio estudantil. O Ministério da Educação divulgou nota recentemente em que tentou explicar essa situação deplorável. Reproduziu uma porção de números e, no final, não explicou nada. Mas adiantou que o MEC teve sua verba bloqueada pelo Ministério da Economia e que, atualmente, vem trabalhando para desbloquear os recursos. Em outras palavras, a culpa é do Ministério da Economia. Como ninguém explica nada como se deve, as universidades federais do país estão tentando sobreviver. E podem fechar, o que será um vexame completo. Falta dinheiro para tudo, os tempos são difíceis, a pandemia se alastra provocando gastos extras. É verdade. Falta dinheiro, mas não falta verba para realizar a Copa América no Brasil. É isso que importa. As universidades federais que esperem.

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