Roberto Jefferson está preso, mas passa a impressão de que está apenas descansando de seus afazeres

Na audiência de custódia, presidente do PTB deitou e rolou, usando de muita ironia para responder às perguntas sobre sua condição de vida atualmente, mas vai se aborrecer para quê?

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 17/08/2021 12h47
Valter Campanato/Agência Brasil Roberto Jefferson de terno discursando Roberto Jefferson foi preso na última sexta-feira, 13, acusado de participar das 'milícias digitais' que atacam a democracia

O presidente do PTB, Roberto Jefferson, está preso, mas parece feliz. Leva tudo na flauta. Aliado de Bolsonaro, dá a impressão de que partiu para o sacrifício, mas está tudo bem. Para determinados indivíduos que fazem a paisagem brasileira, até prisão é divertido. Pelo menos foi a impressão que passou no sábado, 14, em audiência de custódia. Estava ali um homem de bem com a vida. Como se estivesse descansando um pouco de seus afazeres de perturbar o país. A defesa de Jefferson já pediu que seu cliente seja transferido para prisão domiciliar. Mas o juiz Airton Vieira negou, adiantando que isso só poderá ser resolvido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Jefferson ficou abalado? Nem pensar. O negócio é não se abater com nada. Está tudo certo. Uma maravilha. Indagado se está sendo bem tratado, respondeu que sim. Não tem nada a reclamar. Só reclama que foi preso na sexta-feira, 13, por três policiais torcedores do Flamengo. Sendo torcedor do Botafogo, Jefferson não gostou muito, mas teve uma boa conversa com todo mundo.

Na audiência de custódia, Roberto Jefferson deitou e rolou, usando de muita ironia para responder às perguntas sobre sua condição de vida atualmente. Sempre rindo de plena felicidade, disse inicialmente que sua profissão é a política e como político é presidente do PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, que está com as portas abertas para Bolsonaro. Em seguida, esclareceu que não tem vícios, não bebe, não fuma e dá uma por semana quando Deus ajuda. Se Deus não ajudar, não dá nenhuma. Possui doenças crônicas, câncer, e já foi internado para tratamento mais de 20 vezes. Atualmente, trata de uma infecção renal. Informou ainda que tinha marcada uma cirurgia cardíaca para os próximos dias e que dispões R$ 6 mil na sua conta corrente. Por isso, a defesa pediu prisão domiciliar. Toma 20 medicamentos por dia. Fora as doenças, o advogado garantiu que Jefferson seria jurado de morte por facções criminosas.

O representante da Procuradoria Geral da República presente à audiência, promotor de Justiça André Alisson Leal Teixeira, preferiu não comentar a conversa de Jefferson, nem quis falar sobre o mérito da prisão. Já o Procurador Geral, Augusto Aras, continua dizendo que Roberto Jefferson tem o direito de dizer o que bem entender em nome da liberdade de expressão. Tem o direito de ironizar e criticar o STF e outras instituições nacionais. É muita hipocrisia dessa gente. Agora caberá ao ministro Alexandre de Moraes decidir sobre o pedido de ficar em casa com uma tornozeleira. Já Roberto Jefferson não está nem aí. O negócio dele é fazer piada com tudo. Tem de tirar de letra. Se aborrecer para quê? Tem de ficar numa boa, até porque isto aqui é o Brasil. Até prisão é motivo de diversão. Se na rua ele não poderá mais insultar as instituições brasileiras e particularmente os ministros do Supremo, o melhor é ficar preso mesmo. Não vale a pena sair. Aliás, ela já mandou recado aos seus companheiros de infortúnios, dizendo que eles têm que continuar criticando todo mundo. Tudo em nome da liberdade de expressão que, no Brasil, parece ser diferente da que vale nos países civilizados.

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