Rompimento de Roberto Jefferson e Bolsonaro é iminente
Dirigentes do PTB afirmam que o nome do presidente está subentendido em todos os trechos de uma carta escrita pelo ex-deputado
Enfim, foi marcada a data do julgamento de Roberto Jefferson pelo Supremo Tribunal Federal. Será na semana que vem, sexta-feira, 17. Jefferson está prestes a romper com o presidente Bolsonaro. Cansado de estar preso, embora em prisão domiciliar, ele afirma que não perdoa os traidores, em carta que enviou ao diretório nacional do PTB. Seus correligionários mais próximos garantem que as queixas e até a revolta de Jefferson referem-se a Bolsonaro e ao STF. Dizendo-se esquecido, Roberto Jefferson observa que os traidores não devem ser perdoados, afirmando que “os tiranos vencem quando nos impõem a autocensura comum aos pusilânimes”. A carta de Jefferson está repleta de citações bíblicas, especialmente quando se refere a alguns ministros do STF. Um dos ministros citados é Alexandre de Moraes, a quem Jefferson chama de “Xandão”, lembrando, também, os ministros Roberto Barroso e Edson Fachin.
Leiam este trecho da carta de Roberto Jefferson: “Ai meu Deus, o que o Xandão pode pensar, falar ou fazer? Ai meu Deus, que medo do Fachin! Ai meu Deus, que medo do Barroso! Quem agir assim, contaminou-se com o vírus da paúra da covardia”. Não é brincadeira. O ex-deputado está angustiado com muitas coisas. E está a fim de começar a fazer algumas cobranças, o que inclui o presidente Bolsonaro. Ele foi preso em agosto do ano passado por atacar as instituições, especialmente o STF. A filha de Jefferson, ex-deputada Cristiane Brasil, pensa em falar com Bolsonaro para conseguir um indulto ao seu pai. Mas a própria Cristina afirma que não tem esperanças, porque sente que seu pai foi completamente abandonado, exatamente por Bolsonaro, por isso concorda quando ele diz que os traidores não podem ser perdoados nunca.
A carta de Roberto Jefferson é bem escrita, com trechos certeiros, como este: “O perdão aos tiranos e aos traidores resulta em perversidade aos inocentes e aos justos”. Diz que a benevolência excessiva é covardia e nunca se pode perdoar o tempo todo. Assinala que os pais que agem assim levam seus filhos ao abismo, por lhes faltar a correção e a disciplina. Lembra a lição do Senhor a Gideão: “Melhor 300 valentes do que 32 mil medrosos”. Também citou Timóteo: “Se alguém não cuida dos seus na sua casa, especialmente de sua própria família, nega a fé e é pior do que o incrédulo”. Por fim, diz que os covardes morrem todos os dias, os heróis morrem uma vez só. “Deus é nossa rocha e fortaleza. Nossa força e vitória é Jesus”.
Dirigentes do PTB dizem que o presidente Bolsonaro está em todas os trechos da carta de Jefferson, basta saber ler o que está subtendido. Garantem que esse fato sinaliza que o rompimento de Jefferson com Bolsonaro é iminente. Na verdade, Bolsonaro nunca mais falou em Roberto Jefferson. Mas no Palácio do Planalto fala-se que o presidente prepara um projeto para enviar ao Congresso com o objetivo de anistiar aliados que considera “presos políticos”. Nessa lista entram Roberto Jefferson e os ativistas Oswaldo Eustáquio e Allan dos Santos, que está foragido nos Estados Unidos. É esperar para ver. O recado de Roberto Jefferson já foi dado. Não se sabe ainda se Bolsonaro vai mesmo atender a esses aliados ou se vai dar uma volta de moto.
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