Se não tomar providências contra violência política, até um assassinato será considerado ‘livre expressão’

Liberdade de expressão implica em responsabilidade com o que se diz, especialmente nas redes sociais

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 17/08/2022 11h47
  • BlueSky
Divulgação/TSE tse TSE terá ações contra violência política nas eleições 2022

Tem que ser urgente. Não dá para esperar mais porque os ânimos estão cada vez mais tensos. O Tribunal Superior Eleitoral prepara uma campanha publicitária contra a violência na política. Do jeito que está é seguir em direção ao abismo. O TSE observa que tem de ser uma campanha maciça que, principalmente, explique ao eleitor o que é liberdade de expressão e o que é incitação a ações criminosas. Será uma campanha ampla para esclarecer a população. Tudo agora é liberdade de expressão. Pode-se dizer o que bem entende que nada acontece. Mas não é assim. A liberdade de expressão implica em responsabilidade com o que se diz, especialmente nas redes sociais. E há quem defenda essa linguagem de violência e ódio. Quando o responsável é punido por sua irresponsabilidade, há quem defenda ferozmente o autor de ofensas graves repleta de ameaças, inclusive de morte. Como se tudo fosse normal. Não é normal. Esses que saem por aí falando asneiras contra todos têm que aprender que existem leis no país. Daqui a pouco, se não cuidar disso, até um assassinato será “livre expressão”.

Na verdade, esses que agem assim são verdadeiros delinquentes da política. A palavra é essa mesma: delinquentes. Pergunta-se se o caso daquele deputado preso por ordem do STF é de fato um parlamentar correto. É? Não é e nunca será. É mais um marginal da política, a exemplo de outros, somando aí muitos blogueiros – um deles está foragido nos Estados Unidos – e usuários das redes sociais, onde o vale-tudo é completo. O cidadão tem de saber quais são os seus direitos e deveres. A campanha publicitária do TSE também explicará à população que tipo de comportamento é proibido, incluindo incitação a crimes, ameaças, agressões e todo ato ou manifestação que atentem contra a verdadeira liberdade de expressão durante a campanha eleitoral e também na votação. O TSE criou um grupo de trabalho para determinar estratégias de combate à violência política. O Tribunal tomou essa iniciativa após analisar relatos de agressões a cidadãos por motivos políticos, contando, também, os atos contra a liberdade de imprensa.

O Tribunal cita como exemplo a morte em Foz do Iguaçu de um militante do PT. Marcelo Arruda foi assassinado a tiros por um apoiador do presidente Bolsonaro. Também motivaram a criação desse grupo as denúncias feitas pela Câmara e pelo Senado sobre ataques a autoridades, à liberdade de imprensa e ataques contínuos às urnas eletrônicas. No caso do deputado federal Daniel Silveira, do PTB, preso porque postou um vídeo com ameaças graves aos ministros do STF. Ninguém morre de amores pelos ministros do STF. Pelo menos este colunista. São ministros que se transformaram em celebridades. Junto formam um governo paralelo no Brasil, cada um defendendo aquele que o indicou, jogando na cara do país decisões que beiram a debilidade mental. Mas não é por isso que alguém pode sair por aí dizendo até em matar. O deputado foi preso e solto pelo presidente da República no dia seguinte. Transformou-se em herói nacional na boca de alguns malucos. Que venha logo tal campanha do Tribunal Superior Eleitoral. Mas que ninguém sonhe com resultados positivos, infelizmente. A população já tomou a posição beligerante. Nada de civilização. Estamos longe disso.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.