Se o Brasil fosse sério, José Dirceu estaria impedido de falar sobre qualquer governo

Nada tenho a ver com o atual presidente, mas qual o moral de um delinquente que participou da gestão responsável pelo maior escândalo de corrupção da humanidade?

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 07/01/2021 12h34 - Atualizado em 07/01/2021 13h52
Henry Milleo/Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo - 02/09/2015 O ex-ministro José Dirceu deixa a carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, e é transferido para o Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais

Eis José Dirceu de volta, como se fosse uma grande autoridade brasileira. Precisa ter coragem. Muita coragem ou não ter nenhum senso do ridículo. Réu condenado da Lava Jato, saiu da sua toca para criticar o presidente Jair Bolsonaro, como se ele tivesse moral suficiente para isso. Não tem moral nenhuma. José Dirceu é amoral. Estou à vontade para falar sobre isso porque, em 2018, diante das duas alternativas de votos para a Presidência da República, Bolsonaro e Fernando Haddad, neguei-me a votar. Não anulei o voto. Não. Neguei-me a votar. Em nome da minha consciência. As críticas de Dirceu a Bolsonaro foram feitas por meio de artigo que escreveu para o “Poder 360”, em que o petista afirmou ser preciso tirar Bolsonaro da presidência. Disse que o governo Bolsonaro é autoritário e corrupto, criticando também a política externa e a conduta do governo frente à pandemia. Para José Dirceu, chefe da quadrilha que afundou o país, nunca houve um governo tão criminoso e irresponsável como o atual. Afirmou tratar-se de um governo militar, autoritário, de extrema direita, obscurantista e fundamentalista. Um governo corrupto, a começar pela família, e corruptor, por capturar as instituições como a Polícia Federal, a Receita Federal, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e o Ministério Público.

Nada tenho a ver com o governo Bolsonaro. Nada. E nada tenho a ver, também, com o PT, que, para mim, deixou de existir. E é um horror ver um indivíduo como José Dirceu vir a público criticar o governo, qualquer governo, qualquer um. Esse fato não existiria num país sério politicamente. Dirceu acentuou em seu artigo que temos hoje um governo que simplesmente nega o novo mundo que aí está à frente de todos, que se alinha com os Estados Unidos de Trump e se mostra hostil à China e à União Europeia, abandonando o Mercosul e a integração sul-americana. No seu artigo, José Dirceu defendeu o impeachment de Bolsonaro antes das eleições presidenciais de 2022. Textualmente, afirmou: “Nossa tarefa principal, em 2021, é remover Bolsonaro do cargo, de forma legal e constitucional”. Num outro trecho de seu artigo, José Dirceu assinalou que Bolsonaro e seu bando não podem nem devem continuar governando o Brasil e que é preciso impedir “a marcha acelerada do governo em direção ao suicídio nacional”. Dirceu propõe a criação de uma Frente Popular de Esquerda para organizar a resistência popular. 

Eis José Dirceu de volta, com a cara dura, como um delinquente que ainda não respondeu pelos seus crimes quando participou ativamente dos governos do PT, partido que afundou o país num abismo sem fim, tantos foram os atos de corrupção cometidos desde o chamado mensalão até o maior escândalo de corrupção da humanidade, o assalto à Petrobrás, que rendeu muito dinheiro aos quadrilheiros sob a chefia de Luiz Inácio da Silva, vulgo “Lula”, que fez da Presidência da República um período de lazer à sua maneira, com uma vida sorridente, e que acabou preso por seus crimes. Está solto por manobra suja do Supremo Tribunal Federal, politizado até os dentes em defesa dos corruptos que aniquilaram este país com ações deploráveis, dignas dos grandes ladrões da história criminosa do Brasil.

Nada tenho a ver com Bolsonaro, repito. Até me orgulho de, como jornalista, ser odiado por ele. Mas é preciso dizer a esses bandalhos como José Dirceu que Bolsonaro foi eleito democraticamente pelo voto. E o maior cabo eleitoral do presidente na eleição foi o PT, representado por Fernando Haddad, o moderninho. Com medo do partido, o povo descarregou seu voto no adversário. E agora vem esse qualquer Dirceu ditar regras como se este país fosse uma várzea. Pode até ser uma imensa várzea, mas não serão sujeitos como ele que nos vão lembrar disso. Um indivíduo que já devia ter sua fotografia apagada no álbum da história recente do Brasil. Ou então entrar num capítulo especial, dedicado aos traidores e à escória dessa história, que custou muitas vidas. José Dirceu é um lixo, mais nada além disso. E tem o desplante de ainda vir a público para falar contra um governo, seja o governo que for, não importa. Para falar como falou, José Dirceu tinha de ser um político honesto, não um malfeitor. 

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