Será que Bolsonaro está preocupado com a possível candidatura de Santos Cruz?
General da reserva se desentendeu com Bolsonaro e deixou o governo em 2019; agora, cogita entrar para o Senado ou para a Câmara, mas há quem diga que ele tentará a presidência
Será que Bolsonaro está preocupado? Colecionador de desafetos, o mais provável é que não esteja nem aí. A questão é a seguinte: o general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria do Governo do presidente Jair Bolsonaro, não anda tão distante como parece. Do primeiro ministério, Santos Cruz, general da reserva, era aquele que mais tinha cara de poucos amigos. Suas feições faziam parecer que sempre estava com raiva de alguma coisa ou de alguém. Carrancudo. Ninguém se aproximava para uma conversa qualquer. Não. A cara do general assustava, sempre sisudo. Está correto: general tem que ter cara feia mesmo. Não pode estar sorrindo toda hora. Pois o general se desentendeu com Bolsonaro, foi alvo de intrigas internas do Palácio do Planalto e deixou o governo demonstrando uma profunda decepção com tudo. Carlos Alberto de Santos Cruz. A baixa foi sentida, já que o general gozava de absoluta confiança do presidente, além de ser amigo próximo.
Pois Santos Cruz decidiu que será candidato em 2022. E com a raiva de sempre, explicou o motivo: não permitir que Bolsonaro arraste as Forças Armadas para ser um instrumento político pessoal. A declaração foi feita à colunista Bela Megale, do jornal O Globo. O general ainda está pensando se será candidato ao Senado ou à Câmara dos Deputados. Mas muitos falam na Presidência da República. Santos Cruz observa que seu principal objetivo, além de atingir Bolsonaro, é apoiar uma terceira via à presidência. Diz que essa polarização que se vê no país não faz sentido nenhum. O general quer um nome para a terceira via que não seja igual ao de Bolsonaro e Lula, que represente um projeto de país, e não um showzinho como o Brasil assiste todos os dias. O general adianta que sua atitude representa um recado direto às Forças Armadas que não podem ser uma ferramenta de uso político pessoal, como deseja Bolsonaro. Trata-se de uma imensa irresponsabilidade no jogo político. O problema é que Bolsonaro vai seguindo com apoio dos militares, que têm cargos em todos os ministérios do governo e muitos são ministros.
Santos Cruz já recebeu convites do PSDB, DEM, MDB e Patriotas. Ele diz ser necessário acabar com a “gangue digital” bolsonarista. Sobre o governo-Bolsonaro, Santos Cruz diz tratar-se de um show de besteiras. Por isso deixou o governo. Não podia perder seu tempo com tanta bobagem, quando o certo seria priorizar as questões do país “Uma fofocagem desgraçada”, disse uma vez para explicar o governo do qual fez parte. Todo dia havia uma bobagem para distrair a população. É muito fanatismo demais em todos os temas. Bolsonaro não tomou conhecimento da decisão do general Santos Cruz. Mas o presidente toma conhecimento do quê? De nada. Então fica tudo como está. Mas é possível que uma parcela das Forças Armadas, cansada das bravatas bolsonaristas, concorde com Santos Cruz. O general diz que tem muito apoio. Até porque, se não tivesse, não entraria numa aventura. Será uma beleza. Na campanha eleitoral, ver militar ofendendo militar, independentemente da patente. O país está mesmo entregue às traças. E as próprias traças já estão cansadas de tantas asneiras que correm soltas todos os dias para azucrinar aqueles que desejam paz para viver.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan
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