STF parece ter vocação para meter-se em confusões que prejudicam o país
Corte está metida nesse escândalo vergonhoso de Chico Rodrigues; Fux se apressou e marcou a sessão para referendar ou não a decisão de afastar o senador para quarta-feira, 21
Desacreditado pela maioria da população, o Supremo Tribunal Federal – esse que aí está – parece ter vocação para meter-se em confusões que prejudicam o país que não consegue andar 10 metros em paz. Há sempre algo a explodir em algum lugar para aborrecer bem as pessoas. Agora, o STF está metido nesse escândalo vergonhoso do senador Chico Rodrigues, do DEM de Roraima, terra de Romero Jucá, de triste lembrança. A Polícia Federal esteve em operação na casa do senador da República, bela mansão na área nobre da capital Boa Vista. Desconfiava-se que o senador, até então vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, andava desviando dinheiro destinado ao combate do vírus chinês. Em inquérito, Chico Rodrigues é apontado como integrante do grupo que já desviou cerca de 20 milhões de reais, usando o truque da emenda parlamentar. A visita dos agentes federais terminou num vexame. Os policiais encontraram exatamente R$ 33.150,00 na cueca do senador. Os policiais tiraram o dinheiro com a mão e depois se limparam com álcool em gel por longo tempo.
O delegado que comandava a operação descobriu o dinheiro quando o senador pediu para ir a banheiro. Afirma que, quando se levantou da poltrona, notou um volume retangular na parte traseira do nobre senador da República brasileira. O delegado estranhou e quis ver. Lá estava o dinheiro, muitas notas de 200 reais, com o lobo-guará e tudo. A seguir, os policiais foram para o quarto do parlamentar, onde encontraram mais 10 mil reais e 6 mil dólares. Aí entrou na história o ministro do STF Luís Roberto Barroso, que pegou sua caneta e assinou uma determinação para afastar Chico Rodrigues do Senado por 90 dias. Não demorou muito para o aparecimento de versões sobre o caso. De cara, ele foi afastado pelo presidente Bolsonaro da função de vice-líder do governo. Pelo menos é o que diz o Palácio do Planalto. Mas o senador afirma que ele mesmo tomou essa decisão. Como sempre acontece entre os corruptos, o senador afirmou que é inocente e que tudo será esclarecido. Ah, também disse que acredita na Justiça: “Provarei que nada tenho a ver com qualquer ato ilícito”. E o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, explica sua decisão afirmando que o fato é de gravidade concreta. Não tem saída. Ocorre que a decisão de Barroso provocou críticas duras do amigo do senador da cueca. Já Barroso disse que sua decisão será discutida no plenário do STF.
O presidente da Corte, Luiz Fux, se apressou e marcou a sessão para referendar ou não a decisão para quarta-feira, 21. Fux quer acabar logo com mais essa questão. Já os parlamentares amigos afirmam que eles mesmos têm que decidir o destino do senador da cueca. Afirmam que o ministro do STF não pode e não tem o poder de afastar do cargo um senador eleito pelo povo. Há muitos líderes no Senado, líder é que não falta. Um deles, do alto de sua autoridade, observou que o Senado não pode aceitar essa usurpação de poder: “O caminho para punir um senador é o Conselho de Ética do Senado e depois tem, ainda, o plenário”. Acontece que o tal Conselho de Ética só poderá se reunir no ano que vem, por causa das eleições. Os senadores se reuniram, trocaram ideias, xingaram, gritaram e chegaram à conclusão que o melhor é o senador da cueca pedir uma licença por conta própria, a fim de evitar desgaste. Já o ministro Luís Roberto Barroso não quer mais falar sobre o assunto. E nem responderá às críticas que vem recebendo: “Não sou comentarista político”, diz ele, concluindo que sua decisão foi tomada e “está largamente fundamentada”. Já o senador da cueca está desolado repetindo que confia na Justiça. Seja como for, caso ele seja cassado, assumirá o seu suplente, que é seu filho. Quer dizer: ficará tudo em família. Fora isso, há um detalhe a ser considerado: fala-se muito em dinheiro sujo, mas dinheiro sujo mesmo é esse que o senador escondia nas nádegas. São coisas do Brasil.
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