Visita de Bolsonaro a Viktor Orbán serviu para mostrar o que o presidente brasileiro pensa

Premier húngaro é dado a discursos radicais e quase sempre faz referências e homenagens à civilização cristã

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 18/02/2022 14h54
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Marcos Corrêa/PR Viktor Orbán e Bolsonaro na Hungria Premier da Hungria. Viktor Orbán, e Jair Bolsonaro em reunião nesta semana

O Brasil vem percorrendo o caminho para se transformar num pária internacional. A expressão não é nova, mas ficou bastante conhecida por grande parte de brasileiros no governo atual. “Pária do mundo”, “pária internacional” e outras expressões mais degradantes, como se viu em jornais europeus nesta semana, referindo-se à visita nesta quinta-feira, 17, do presidente Bolsonaro ao premier da Hungria Viktor Orbán, líder máximo de ultradireita do país e na Europa, a quem o presidente brasileiro chamou de “irmão”. Na entrevista à imprensa húngara, Bolsonaro referiu-se a Orbán como um irmão, destacando as afinidades políticas existentes entre os dois. 

Ao ser recebido por Viktor Orbán, o presidente brasileiro fez um discurso bastante afetivo, no qual utilizou lemas fascistas. Bolsonaro observou, dirigindo-se ao premier, que eles dois representam o que pode ser resumido em quatro palavras: Deus, pátria, família e liberdade. Afirmou que uma família bem estruturada faz com que a sociedade seja sadia. Já o primeiro-ministro Orbán adiantou que espera voltar ao Brasil para a nova posse do presidente Bolsonaro, observando que sua campanha será vitoriosa. Fez longa defesa da extrema-direita e sobre sua posição de ser contra todas as minorias. 

No poder há 12 anos, Orbán dedicou-se a aprovar leis contra mulheres, gays, imigrantes e liberdade à imprensa. Cassou a licença de empresas de mídia e aumentou o número de juízes no Supremo Tribunal, nomeando seus aliados para os postos. Foi eleito em 2010 com o apoio do Fidesz (acrônimo húngaro para União de Jovens Democratas), considerado seu partido fiel que facilita as decisões de seu governo. E sempre se valeu disso para aprovar leis que seguem seu ideário de conservador de extrema-direita, o que também chegou às escolas do país. Transformou centenas de jornais independentes em máquinas de propaganda do Estado. Orbán chegou a reimprimir livros didáticos da História da Hungria com conteúdo falso e especialmente xenofóbico. Como Bolsonaro, Orbán é dado a discursos radicais, uma maneira de destruir a democracia dentro da democracia usando a própria democracia. Quase sempre faz referências e homenagens à civilização cristã. 

Orbán poderá perder seu cargo de primeiro-ministro nas eleições que serão realizadas em 6 semanas. Todos os partidos do país se uniram contra ele. A Hungria é o único país europeu que apoia a invasão russa à Ucrânia. Pois foi a esse “irmão” que o presidente brasileiro fez uma visita repleta de afinidades. Cada vez mais o Brasil se isola no mundo. Deseja mesmo ser um pária internacional. Uma viagem que serviu para demonstrar bem claramente o que pensa o presidente Jair Bolsonaro e quem ele admira. E acima de todos eles, reina a figura de Donald Trump, aquele que mandou invadir o Capitólio nos Estados Unidos quando perdeu a eleição.

Já no horizonte do Brasil reacendeu-se a questão das urnas eletrônicas. O que poderá acontecer a este país caso Bolsonaro não seja reeleito? O brasileiro se vê sem saber o que fazer da vida diante dos dois candidatos que certamente disputarão a cadeira de presidente da República: de um lado, Bolsonaro negacionista, com uma conduta deplorável e desumana diante de seu povo; do outro, Lula, que é sinônimo de ladroagem, que se diz imbatível. Deve estar pronto para novos mergulhos na corrupção deslavada com capangas que nunca saem de cena. O primeiro, admira ditaduras de direita; o segundo, apoia as ditaduras de esquerda. Nenhum dos dois gosta da imprensa livre. São esses os candidatos para a presidência do Brasil. Que belo personagem Bolsonaro visitou na Hungria. Uma beleza! Somos todos candidatos a párias do mundo, condição que o governo, certamente, faz questão de assumir com orgulho.

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