Análise legista indica homicídio ritual há cinco séculos na América do Sul
Washington, 26 fev (EFE).- A múmia de uma mulher jovem, que teve Doença de Chagas, mostra indícios de um forte trauma na cabeça que pode ter sido parte de um homicídio ritual há cinco séculos na América do Sul, conforme um artigo publicado nesta quarta-feira pela Public Library of Science.
A múmia, achada no litoral do Pacífico, perto da fronteira entre o Chile e o Peru, e que durante quase um século permaneceu sem identificação na Coleção Arqueológica do Estado da Baviera, na Alemanha, foi examinada por Stephanie Panzer, do Centro Murau de Trauma sob a direção do paleontólogo Andreas Nerlich, da Universidade de Munique.
Para entender melhor a origem e a trajetória da mulher, os cientistas examinaram o esqueleto, os órgãos e DNA empregando técnicas da pesquisa antropológica, um scanner computadorizado completo do corpo, análise de isótopos, histologia, identificação molecular e reconstrução legista da lesão.
O método de datação por radiocarbono revelou que a mulher viveu entre 1.450 e 1.640 e, provavelmente, tinha entre 20 e 25 anos de idade quando morreu. As fibras do tecido que cobrem o crânio são de lhama ou alpaca.
As análises de isótopos de nitrogênio e carbono do cabelo mostraram uma dieta que, provavelmente, incluía milho e peixe, e que corresponde com uma origem e uma vida nas regiões litorâneas.
Além disso, a múmia tinha um engrossamento significativo do coração, o reto e os intestinos, características das pessoas que sofrem da Doença de Chagas. Acredita-se que a mulher teve a doença desde a infância.
O crânio da múmia está deformado pelas faixas atadas que são típicas da cultura Inca; e a tomografia computadorizada mostrou uma “destruição quase completa dos ossos do rosto e da testa”, acrescentou o estudo.
“O tipo de destruição sugere um golpe enorme no centro do rosto. Isto sustenta a hipótese de um homicídio ritual do tipo já descrito anteriormente em múmias sul-americanas de indivíduos que sofriam a doença crônica grave”, destacou o estudo. EFE
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