Argentina lembra 20 anos do pior atentado terrorista no país

  • Por Agencia EFE
  • 17/07/2014 20h04

Buenos Aires, 17 jul (EFE).- A Argentina lembrará nesta sexta-feira com diversos atos os 20 anos da explosão no prédio da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), o pior atentado terrorista sofrido pelo país e que ainda permanece impune.

O principal ato para lembrar os 85 mortos que o ataque deixou começará às 9h53 (mesmo horário em Brasília), a hora exata em que o atentado foi cometido em 18 de julho de 1994 contra a sede da Amia, de Buenos Aires.

Sob o lema “Nenhum dia de esquecimento”, o ato, que será realizado na frente da sede reconstruída, terá discursos do vice-presidente da Amia, Ralph Thomas Saieg; do jornalista Alfredo Leuco; e de Luis Czyzewski, em nome dos parentes das vítimas.

Além deste ato organizado pela Amia, foram convocados outros três – planejados por diferentes grupos de sobreviventes, amigos e familiares das vítimas -, que serão realizados na frente dos tribunais, da sede do Executivo argentino e do Congresso. Os atos acontecem separadamente por conta da divisão que existe na comunidade judaica sobre as estratégias para avanço no esclarecimento do atentado.

Um dos pontos de divergência é o memorando de entendimento que a Argentina assinou com o Irã para tentar esclarecer o ataque, atribuído ao grupo terrorista Hezbollah. O acordo foi firmado em janeiro de 2013 e um mês depois ratificado pelo Parlamento argentino. Contudo, em maio deste ano, a pedido da Amia e da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia), o braço político da comunidade judaica local, um tribunal declarou a inconstitucionalidade do tratado, decisão que foi apelada pelo governo argentino.

O memorando – que o Irã não comunicou oficialmente à Argentina se ratificou ou não – contempla a criação de uma comissão de analistas para revisar a causa judicial pelo atentado e o deslocamento de um juiz argentino para tratar o caso no Teerã e interrogar os suspeitos.

O governo de Cristina Kirchner defende o acordo como via para conseguir algum avanço na investigação, praticamente estagnada desde 2006 quando a Justiça argentina ordenou a captura internacional de vários acusados que o Irã se negou a extraditar.

Esta relação é integrada pelo ex-ministro iraniano da Defesa Ahmad Vahidi, o ex-ministro de Informação Ali Fallahian, o ex-assessor governamental Mohsen Rezaee, o ex- adido da embaixada do Irã em Buenos Aires Moshen Rabbani e o ex-funcionário diplomático Ahmad Reza Asghari.

A Justiça também pediu a captura do ex-vice-ministro das Relações Exteriores para Assuntos Africanos do Irã Hadi Soleimanpour, do ex-presidente iraniano Ali Akbar Rafsanjani e do ex-ministro das Relações Exteriores Ali Akbar Velayati.

Os solicitantes do caso também reivindicam que aqueles que participaram apoiando na própria Argentina a realização do ato terrorista sejam penalizados. Há dez anos, um grupo de policiais acusados de fazer parte da “conexão local” foi absolvido em um julgamento.

A investigação do atentado foi marcada por irregularidades, o que fez com que o juiz fosse afastado e foi aberta outra causa por suposta tentativa de encobrimento da conexão local, pela qual o ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-1999) será submetido a julgamento oral.

O atentado contra a Amia foi o segundo ataque terrorista contra os judeus da Argentina. Antes dele outro, em 1992, matou 29 pessoas na explosão de uma bomba na frente da embaixada de Israel em Buenos Aires, atentado também atribuído ao Hezbollah. EFE

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