Ativistas pedem mudanças na política durante 19ª Parada Gay de São Paulo
Cleyton Vilarino.
São Paulo, 7 jun (EFE).- Milhares de homossexuais e ativistas participaram neste domingo da 19ª Parada do Orgulho Gay de São Paulo e exigiram mudanças na classe política brasileira.
Cartazes e faixas tiveram os políticos como alvo, em especial o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, apontado como um dos principais opositores do projeto de lei que pretende tipificar a homofobia como crime.
“O momento do Brasil para a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis) não está fácil. O Congresso é muito conservador, mas ao mesmo tempo temos essa parada magnífica aqui na Avenida Paulista”, afirmou à Agência Efe a senadora Marta Suplicy.
Marta, ex-ministra da Cultura e do Turismo, liderou várias campanhas do chamado “Movimento Gay” em São Paulo quando foi prefeita da cidade entre 2001 e 2004. Ela destacou o respeito à diversidade como um dos caminhos que o país deve adotar.
“É isso que o brasileiro deseja, porque não queremos viver na intolerância, não queremos viver na briga, não queremos violência contra qualquer cidadão”, afirmou a senadora, que recentemente deixou o PT por diferenças políticas com a presidente Dilma Rousseff e outras lideranças do partido.
A organização esperava 2,5 milhões de pessoas durante a parada, mas estimativas não oficiais das autoridades indicaram a presença de menos de 1 milhão de ativistas e simpatizantes no evento, um número expressivo, mas inferior ao de outros anos.
As críticas da comunidade contra Cunha e outros deputados da bancada religiosa do Congresso ganharam força nos últimos dias com a paralisação dos debates sobre diferentes projetos que beneficiam os homossexuais.
O presidente da Câmara defende, entre outras medidas, a implementação do Estatuto da Família, que prevê o fim da adoção por casais homossexuais.
“Nós tivemos um retrocesso no Legislativo. Foram eleitas pessoas que não representam o povo, mas sim interesses próprios”, afirmou à Efe o presidente da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, Fernando Quaresma.
Para o ativista, a parada “dá visibilidade ao movimento LGBT do Brasil, que hoje é o maior do mundo”.
Um grupo de evangélicos participou da passeata com o objetivo de pedir desculpas pelo preconceito de algumas religiões com os homossexuais. Eles levaram faixas contra políticos e pastores cristãos como Marco Feliciano e Silas Malafaia.
“Em minha opinião, essas pessoas não representam os cristãos. Malafaia, Feliciano e Eduardo Cunha, nenhum deles representa o povo. Eles levantam bandeiras homofóbicas para ganhar votos”, ressaltou o ativista evangélico Glauber Ramos.
Neste ano, a Parada do Orgulho Gay colocou na Avenida Paulista 18 trios elétricos, comandados por DJs e cantoras como a funkeira Valesca Popozuda. Além disso, participaram do evento as atrizes estrangeiras Natasha Lyonne, Uzo Aduba e Samira Willey, protagonistas da série televisiva americana “Orange is the new black”, que aborda a temática homossexual.
A Prefeitura de São Paulo organizou a infraestrutura do evento e disponibilizou um guia especializado sobre as atrações turísticas e comerciais dos estabelecimentos considerados como “gay friendly” (amigos dos homossexuais).
O Museu da Diversidade de São Paulo, o primeiro do gênero na América Latina, exibe durante a semana a mostra de fotografias “Homofobia Fora de Moda”. Além disso, 280 salas de cinema fazem durante todo o mês uma programação com filmes de temática homossexual. EFE
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