Augusto: Ernesto teve cabeça exigida pelo Centrão; Mendonça está sendo guardado para o STF
Comentarista do programa ‘Os Pingos Nos Is’ afirmou que ainda é cedo para analisar outras trocas ministeriais, mas lembrou das polêmicas em torno da saída do chanceler
O chanceler Ernesto Araújo anunciou a saída do cargo de ministro das Relações Exteriores em reunião com secretários e auxiliares da pasta e teve a troca ministerial confirmada em nota do governo nesta segunda-feira, 29. Pressionado por lideranças do Centrão que exigiam a sua demissão, Araújo tinha cancelado todos os compromissos oficiais desta segunda e convocado alguns dos seus auxiliares mais próximos para uma reunião. Além dele, o ministro da Justiça e Segurança Pública André Mendonça foi escolhido para o posto de Advogado-Geral da União e outros quatro cargos do governo federal foram trocados. Em breve, serão nomeados como novo ministro da Casa Civil da Presidência da República o general Luiz Eduardo Ramos; para o Ministério da Defesa o general Walter Souza Braga Netto; para a Secretaria de Governo da Presidência, a deputada federal Flávia Arruda; e para a vaga deixada por Mendonça, o delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres.
Comentarista do programa “Os Pingos Nos Is”, da Jovem Pan, Augusto Nunes acredita que essa deve ser considerada como uma “pequena reforma” e lembra que ela não ocorre “de repente” por desejo de Jair Bolsonaro. “Isso é fruto de conversas, muitas, que ocorreram sem que a gente soubesse que estavam discutindo isso aí. Eu assumo esse desconhecimento com a maior naturalidade”, afirmou. Ele disse que a interferência do Centrão é clara e se manifesta sobretudo na questão de Ernesto Araújo, mas não sabe exatamente por que as outras mudanças foram determinadas até o momento. “O que tem que fazer os jornalistas agora é entender por que alguém foi para este lugar e foi substituído por outro. Por que alguém saiu e por que alguém entrou”, pontuou.
Ele lembrou que, no caso da gerência da política externa com o próximo chanceler, a orientação é fruto dos desejos do presidente Jair Bolsonaro. “Acompanho com certa surpresa o que está acontecendo agora. A surpresa é de todos. Os doutores, os especialistas, daqui a pouco vão estar na televisão explicando tudo, só que eles não sabem nada. É chute. Imagino o que não houve de conversas ali para que simultaneamente tanta gente fosse trocada de lugar. Não tenho o que dizer no momento por modéstia, humildade. É cedo para saber”, afirmou. “A única coisa que entendo daí com clareza é que o Ernesto Araújo foi uma cabeça exigida pelo Centrão e que o André Mendonça, posso prever sem risco de errar, está sendo guardado para o Supremo”, disse. O comentarista acredita que deixá-lo fora dos holofotes é uma boa estratégia para uma futura nomeação.
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