Sem saber lidar com corrupção interna, PSDB segue fazendo acrobacias no muro
Em dezembro de 2005 o PSDB perdeu a chance de marcar a testa do PT, então afundado no mensalão, com a marca que identifica o campeão brasileiro da corrupção porque os tucanos não sabem lidar com casos de corrupção ocorridos no próprio ninho.
O deputado mineiro Eduardo Azeredo, então presidente nacional do PSDB, deveria ter sido expulso em dezembro de 2005 tão logo seu nome apareceu no noticiário vinculado ao do vigarista Marcos Valério no chamado mensalão mineiro. Como sempre, os tucanos decidiram nada decidir. Em consequência disso, guardam até hoje no armário o cadáver de Eduardo Azeredo.
Passados quase 12 anos, o PSDB anda fazendo acrobacias em cima do muro por falta de coragem para lidar com o problema representado por Aécio Neves. Nesta quarta-feira, boa parte da bancada do partido na Câmara votou contra o relatório, produzido paradoxalmente por um tucano, que recomendou o arquivamento da denúncia contra o presidente Michel Temer apresentada pelo procurador-geral da República. Os que votaram “não” acham que Temer deve ser investigado por ter caído na rede de Joesley Batista, a mesma, aliás, em que se enredou Aécio Neves.
Como podem culpar Temer e, simultaneamente, absolver Aécio?
Resumo da ópera: um pedaço considerável do PSDB quer romper com o governo Temer, que tem no primeiro escalão ministros do PSDB contrários à ruptura com o governo, que é apoiado pelo presidente do partido Aécio e simultaneamente hostilizado pelo mais poderoso governador do partido, Geraldo Alckmin.
Ninguém sabe neste momento se o PSDB está com o governo ou se é oposicionista. Nem o partido sabe disso. Enquanto não curar essa doença da esquizofrenia hamletiana, o PSDB não merece sequer sonhar com a retomada do governo federal na eleição de 2018.
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