Autor de ataque em trem é acusado de tentativa de homicídio terrorista

  • Por Agencia EFE
  • 25/08/2015 15h59

Paris, 25 ago (EFE).- A procuradoria francesa acusou nesta terça-feira o marroquino Ayoub El Khazzani de “tentativa de assassinato com caráter terrorista”, pelo ataque na sexta-feira a um trem entre Amsterdã e Paris, que deixou duas pessoas gravemente feridas antes de ser rendido por passageiros.

O procurador de Paris, François Molins, anunciou em entrevista coletiva que pediu a prisão provisória de Khazzani, que disse ter vivido na França “entre cinco e sete meses” em 2014 e quem, segundo diferentes testemunhos, mostrou premeditação e uma “atitude resolvida” ao agir no trem.

O jovem, de 25 anos, tinha sido condenado na Espanha duas vezes em 2010 e outra em 2012 por infrações de direito comum, e as autoridades espanholas informaram aos serviços de inteligência francesa quando ele se mudou para a França trabalhar em uma companhia de telefonia celular.

Khazzani trabalhou de fevereiro a abril de 2014 na operadora de telecomunicações Lycamobile, que não renovou seu contrato porque os papéis que apresentou não o permitiam trabalhar no país, confirmou ontem o diretor da empresa.

No entanto, durante sua estadia na França, de acordo com a procuradoria, ele não chamou a atenção dos serviços de segurança.

Tanto na França como na Espanha estava registrado com uma ficha “S”, de pessoas com vinculações potenciais com grupos terroristas, o que não implica em detenção, mas permite abrir um processo de vigilância.

O roteiro traçado pelo procurador mostra que, após sua temporada na França, Khazzani disse ter estado na Bélgica, em Colônia (na Alemanha), em Viena (na Áustria), de novo em Colônia e finalmente em Bruxelas, onde diz ter vivido em um parque público, embora os registros indiquem que morou na casa de sua irmã.

Khazzani negou durante os interrogatórios ter viajado para a Turquia, mas os investigadores determinaram que viajou para lá em maio de 2015 desde Berlim, e que voltou em 4 de junho em um voo que saiu de Antioquia, perto da fronteira síria.

O acusado, que afirmou ter agido com o único objetivo de roubar, subiu no trem Thalys em Bruxelas com uma mochila e uma mala de rodinhas, aonde escondia um fuzil AK47 com 270 balas, uma pistola, uma garrafa de 50 centilitros com gasolina e um estilete.

Khazzani pagou a passagem de primeira classe, de 149 euros, em dinheiro, rejeitou a possibilidade de tomar o trem anterior e uma vez a bordo, segundo o procurador, acessou em seu telefone um site no YouTube com preces islamitas que exortavam ao combate.

O fato de a linha desse celular ter sido ativada no mesmo dia do ataque confirmaria que “claramente estava dedicado à realização dos fatos”, acrescentou a procuradoria, que não quis dar detalhes sobre o fechamento de sua conta no Facebook um dia depois, para proteger a investigação.

Khazzani se trancou no banheiro antes de o trem partir. Um passageiro que estava esperando para entrar o viu sair sem camisa, com a mochila e o fuzil, e tentou pará-lo empurrando com as mãos, mas só conseguiu detê-lo por 15 segundos.

O atacante aproveitou a chegada do revisor, segundo o relato da procuradoria, para se dirigir a um dos vagões, o de número 12, aonde estavam dois militares americanos que, ao ouvir os disparos e vê-lo, se lançaram sobre ele no momento em que empunhava o arma em direção as pessoas.

A intervenção, além da desses dois homens, de outro amigo seu americano e de um cidadão britânico, todos eles condecorados depois com a Legião de Honra da França, o neutralizou antes da chegada da polícia.

Khazzani, que foi amarrado pelos pés e pelas mãos, ficou inconsciente durante a briga, que deixou um passageiro gravemente ferido, e que ainda está hospitalizado.

A procuradoria, que tachou de “fantasiosa” a versão do acusado, de que só queria assaltar, investiga agora a procedência das armas, os vínculos do agressor, seus possíveis cúmplices e suas fontes de financiamento. EFE

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