Brasil desembarca no Festival de Berlim com três filmes fora de competição

  • Por Agencia EFE
  • 10/02/2014 16h44

José Vicente Muñoz

Berlim, 10 fev (EFE).- Antes do filme brasileiro “Praia do Futuro”, do diretor Karim Aïnouz, ser apresentado na terça-feira na competição oficial do Festival de Berlim, o país latino-americano desembarca na mostra da capital alemã com outros três filmes que não estão concorrendo.

Nesta segunda-feira, estreiam em Berlim na seção “Panorama” os filmes “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro, e “O Homem das Multidões”, de Marcelo Gomes e Cao Guimarães.

O filme de Ribeiro, diretor que já ganhou em Berlim o Urso de Cristal em 2008 por “Café com Leite”, aborda a história de Leo, um jovem cego de 15 anos, que procura ser independente ajudado por sua amiga Giovanna.

No entanto, a chegada ao colégio de um novo companheiro, Gabriel, desperta em Leo, perante os ciúmes crescentes de Giovanna, sentimentos desconhecidos até então.

Por sua vez, o filme de Gomes e Guimarães relata a vida de Juvenal, um solitário motorista de bonde de Belo Horizonte interpretado por Paulo André, a quem o convite de uma companheira de trabalho para ser testemunha em seu casamento obrigará a sair da bolha na qual se reclui.

O outro filme brasileiro fora de competição já fez sua apresentação no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Idealizado pelo jovem diretor David Pretto, “Castanha” foi exibido na seção “Fórum”.

No meio do caminho entre documentário e ficção, o filme narra a existência de João Carlos Castanha, que interpreta si mesmo, mostrando com crueldade a luta de um transformista que trabalha em um bar de variedades enquanto procura completar suas aspirações como ator sério.

A isto se une a obrigação de cuidar de uma mãe idosa, também encarnada pela progenitora real do protagonista, e a preocupação gerada por um sobrinho toxicômano a quem trata de manter afastado de sua mãe.

O diretor aproveita seu filme para refletir parte da realidade da comunidade homossexual, especialmente a vida noturna de Porto Alegre, em uma obra que nasceu por causa de um curta realizado por Pretto em 2008 e no qual também contou com a participação de Castanha.

“O conheci e fiquei impressionado com sua cara, com sua vida. Necessitava fazer um filme com sua vida. João está sempre atuando em todos os momentos de sua vida”, explicou à Agência Efe o diretor brasileiro, que considerou “incrível que haja tantas vidas em uma mesma pessoa”.

“A vida de João é muitas coisas ao mesmo tempo, a história de João tem crime, tem amor, tem drama, tem passado, tem muita história”, explicou Pretto.

Essa pluralidade foi o que impressionou o criador, nascido em Porto Alegre em 1988, que avaliou a “dignidade” e a “liberdade” como o protagonista enfrenta todas as facetas de sua vida, refletidas em sua capacidade para seguir adiante apesar das dificuldades.

“Para mim esse é o filme: sempre caminhar, sempre trabalhar, ele tem muitos problemas na vida, como todos nós temos problemas, mas João está sempre trabalhando e olhando adiante”, apontou Pretto sobre sua primeira incursão no mundo do longa-metragem. EFE

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