Saiba quem corre risco de desenvolver e como tratar o transtorno de estresse pós-traumático
Ex-combatentes de guerras, vítimas de violência, sobreviventes de acidentes e mulheres que tiveram problemas na gravidez estão mais expostos ao problema
Quando vivemos situações emocionalmente intensas, parece que somos capazes de lembrar todos os detalhes, não importa quanto tempo se passou. Às vezes, ver uma foto, ouvir uma música e até sentir um cheiro que recorde um momento marcante nos desperta as mesmas sensações vividas naquele dia. As memórias afetivas têm papel importante no desenvolvimento humano, e as emoções regulam nossos processos de aprendizagem. Pesquisas mostram que informações acompanhadas de estímulos afetivos tendem a ser “gravadas” com mais força em nossa memória.
Infelizmente, as lembranças negativas podem ser ainda mais marcantes, e isso também acontece porque hormônios liberados quando estamos estressados, os chamados glicocorticoides, aumentam a consolidação de novas memórias. Dependendo da intensidade do estresse vivido, essas recordações podem, inclusive, “apagar” lembranças antigas. É por isso que algumas pessoas, quando vivem situações extremas, correm o risco de desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático.
Esta condição é muito comum em sobreviventes de guerras, desastres naturais e pandemias. No Brasil, o transtorno de estresse pós traumático é mais frequente naqueles que vivem em áreas de tensão social, sofrem ou presenciam um acidente ou ato violento (como um assalto ou sequestro relâmpago), são vítimas de abuso ou têm uma doença grave. É como se a pessoa revivesse a situação, podendo ter flashbacks ou memórias muito reais do trauma, inclusive acompanhada de sensações físicas como sudorese, taquicardia e tontura.
Isso pode acontecer quando a pessoa menos espera ou se depara com algum estímulo relacionado ao episódio. Com isso, ela fica em um estado permanente de vigilância e foge de qualquer coisa que lembre o trauma, como objetos, lugares ou pessoas. O estresse pós-trauma também pode ocorrer em gestantes ou puérperas (mulheres que deram à luz recentemente) que sofreram traumas antes ou durante o período de gestação ou ainda no momento do parto.
É claro que nem todas as pessoas que vivem situações traumáticas desenvolvem o transtorno. Algumas são mais sensíveis e vulneráveis do que outras. De qualquer forma, sobreviventes de acidentes, desastres naturais, doenças graves e vítimas de violência, especialmente se forem crianças ou adolescentes, precisam ser acompanhados com atenção especial depois do incidente. O tratamento é multidisciplinar, ou seja, envolve profissionais de diferentes especialidades. Dentre as abordagens mais estudadas estão a psicoterapia de exposição e o uso de medicamentos prescritos pelo psiquiatra para controlar a ansiedade. Caso tenha algum comentário ou queira sugerir algum tema, escreva para mim no e-mail dracamila@jovempan.com.br ou no Instagram @dra.camilamagalhaes. Até a próxima!
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