Cannes consagra a Turquia de Ceylan e o cinema jovem de Xavier Dolan

  • Por Agencia EFE
  • 24/05/2014 17h34
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Alicia García de Francisco.

Cannes (França), 24 mai (EFE).- A 67ª edição do Festival de Cannes terminou neste sábado com a consagração do turco Nuri Bilge Ceylan, que levou a Palma de Ouro por “Winter Sleep”, e o reconhecimento do cinema jovem representado pelo canadense Xavier Dolan, que conseguiu o Prêmio do Júri com “Mommy”.

O prêmio de Dolan foi partilhado com o veterano e ausente Jean-Luc Godard, que aos 83 anos apresentou em “Adieu au langage” um extravagante exercício de estilo, tão aplaudido quanto criticado, mas com o qual Cannes saldou uma antiga dívida já que nunca tinha premiado o cinema de um dos fundadores da “Nouvelle Vague”.

A presidente do júri da competição oficial, Jane Campion, disse na entrevista coletiva posterior à entrega de prêmios que o filme de Ceylan é “uma obra prima” que poderia ter seguido vendo durante horas e, sobre Dolan, afirmou que é um “gênio” que criou um filme “jovem, moderno e fresco”.

Ao receber seu prêmio, Dolan, com apenas 25 anos e cinco longas-metragens nas costas, começou a chorar emocionado e, após dedicar o prêmio à sua geração, assegurou que “The Piano”, de Campion, definiu sua vida e sua carreira.

Por sua vez, Ceylan quis dedicar seu prêmio “à juventude turca, aos que perderam sua vida nos últimos anos nas revoltas” organizadas contra o governo do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.

Além disso, destacou o fato de ganhar esta Palma de Ouro no ano que se completa o centenário do cinema turco. “É uma bela coincidência”, disse Ceylan.

Por outro lado, o Grande Prêmio do Júri foi para o naturalismo formal da italiana Alice Rohrwacher por “Le Mereviglie”; o de diretor para o americano Bennett Miller por “Foxcatcher”; o de roteiro para o russo Andrey Zvyagintsev, e os de interpretação para Julianne Moore, por “Maps to the Stars”, de David Cronenberg, e Thimoty Spall por “Mr. Turner”, de Mike Leigh.

Os prêmios seguiram as previsões nos casos de “Winter Sleep” – grande favorito junto com o filme de Dolan – e, principalmente, no de melhor ator.

O britânico Spall despontou como favorito ao prêmio de interpretação desde o primeiro dia do festival, quando foi projetada a biografia de William Turner rodada por Mike Leigh.

Spall, de 57 anos, foi o mais emocionado da cerimônia de encerramento, e contou que teve a “má educação” de desenvolver uma leucemia, mas que teve essa mesma “má educação” para superá-la e estar vivo, o que lhe permitiu ser hoje e pela primeira vez “a noiva no casamento”.

Mais surpreendente foi o Grande Prêmio para “Le Meraviglie”, um filme que tocou fundo um dos membros do júri, Sofia Coppola, que destacou a delicadeza e a profundidade da proposta de Alice Rohrwacher.

A italiana se união à emoção e às lágrimas de Dolan e Spall, com um momento surrealista sobre o palco do Palácio dos Festivais de Cannes, onde falou em italiano, enquanto a traduziam ao francês e era ajudada a terminar as frases pela musa Sophia Loren, que foi a encarregada de entregar-lhe o prêmio.

Loren, que voltou a ser uma das estrelas da noite, com todo o auditório posto de pé para recebê-la com uma grande ovação, defendeu a importância do festival.

“Cannes é sempre importante, necessário, essencial, para os produtores e os apaixonados do cinema do mundo inteiro”, declarou.

Por sua parte, Bennett Miller assegurou que era “extremamente gratificante” conseguir o prêmio de melhor diretor por “Foxcatcher”, uma história sobre esporte e amizade, com um surpreendente Steve Carell como protagonista.

Talvez o grande injustiçado da noite tenha sido “Still the Water”, da japonesa Naomi Kawase, que aparecia em todas as apostas, algo que não acontecia com Godard, com um filme que só agradou seus fãs incondicionais.

Uma pequena polêmica que fecha uma 67ª edição de Cannes que mostrou um nível bastante alto, mas no qual poucas coisas surpreenderam realmente. EFE

agf/rsd

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