Carlos Andreazza: Guaidó vendeu mais do que tinha e abriu flanco para contra-ataque de Maduro

  • Por Jovem Pan
  • 03/05/2019 10h43 - Atualizado em 03/05/2019 10h52
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Agência EFE O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro

Vivemos mais um momento de anticlímax na crise venezuelana, mais uma vez induzidos a crer que era real a possibilidade de a ditadura de Nicolás Maduro, de toda ruída, finalmente cair. Não foi dessa vez. A chave da questão continua sendo a mesma: o domínio do poderio militar, o controle do alto comando das Forças Armandas.

Juan Guaidó vendeu ter mais do que tinha. Maduro parece, a custo dos recursos do povo venezuelano, ainda controlar os militares. Enquanto for assim, enquanto não houver desequilíbrio no apoio militar, nem mesmo a configuração de uma guerra civil na Venezuela se pode apontar.

Guaidó apostou na ruptura naquele momento, jogou as fichas todas na terça e na quarta e, como não prosperou, embora a cada passo se mine um pouco mais a posição de Maduro, ao não prosperar, agora se abriu um flanco. Primeiro um flanco para uma certa impressão de fraqueza, de certa falta de planejamento da sua parte — o que em certo sentido é esperado. A situação é precária, assim como é precaria a situação da Venezuela. Agora, abre-se um flanco para um contra-ataque de Maduro. Se sabemos que ele é alguém capaz de barbaridades, alguém que lança blindados em cima do seu próprio povo.

Isso significa que teremos intensificação da caça às bruxas, com prisões daqueles que o ditador considera traidores. A perspectiva de que Maduro ditador cairia rapidamente, daí o anticlímax, não deu em nada mais uma vez. E tudo continua indicando para uma solução de médio longo prazo. Insisto: o problema é o apoio militar.

O povo tem lado. Está contra Maduro. O povo tem fome, quer trabalhar, ganhar dinheiro, ter comida no prato, e apoia a solução para esta situação que não está em Maduro, está na queda de Maduro e ponto final.

Mas, sem a adesão decisiva das forças militares, pelo menos para desiquilibrar a posição de Maduro gerar insegurança e obrigar Maduro a pelo menos negociar sua saída, enquanto isso a crise vai se arrastar para sofrimento do povo venezuelano.

A posição do Brasil continua muito correta: a palavra é prudência. De jeito nenhum aventura de uma intervenção militar naquele país. Brasil tem fronteira delicada na Venezuela. Existe cultura brasileira e venezuela que seria colocar em risco muitos cidadãos do nosso país.

Por isso prudência política e negociação minando as condições de Maduro para que ele finalmente caia.

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