Carlos Andreazza: O Brasil não está em crise, o Brasil é uma crise, mas não faltarão heróis
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na semana passada que a Justiça Eleitoral tem competência para julgar crimes comuns (não eleitorais) quando estes estiverem conectados a campanhas eleitorais. A medida foi atacada por apoiadores da Operação Lava Jato, que veem nisso uma “morte” do combate à corrupção no Brasil”.
Após o resultado da votação (seis a cinco), um jornal divulgou que um ministro da Suprema Corte teria dito, escondido no anonimato, a seguinte frase: “Se, depois disso, a gente ainda derrubar a prisão em segunda instância, vão depredar o prédio do supremo e eu sou capaz de sair para jogar pedra também”. A declaração viralizou.
Conforme pontua o comentarista da Jovem Pan Carlos Andreazza, a fala também foi amplificada pelo procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR).
“Num país normal seria declaração de escandalizar, de mobilizar cobranças duras sobre um juiz que se mostra de todo cooptado pelo alarido das ruas e pela pressão das corporações. Portanto, um fraco, incapaz para o cumprimento de sua missão de protetor da constituição federal.”
Entretanto, para Andreazza, já “não surpreende que um integrante da mais alta corte brasileira tenha dito tal barbaridade”. Segundo ele, a afirmação é um “convite jacobinista, materialização física da violência intensamente estimulada contra os marcos da república que não raro descamba para aquele papo de um cabo um soldado. Quem se lembra? ‘Bastariam um cabo e um soldado para fechar o STF.’ Já ouvimos isso, com frequência.”
Esses supremos togados são os primeiros a promover a depauperação das instituições a partir daquela minada desde dentro, no caso, o STF. Aliás, os que agora aplaudem os Barrosos da vida deveriam se precaver. Essa prática que dilapida o STF por dentro é a mesma por meio da qual – não se enganem – se avançará em breve, explorando a fragilidade da guarda constitucional. Cuidado com os heróis forjados pelo oportunismo.”
O cuidado com esses “heróis”, para Andreazza, é necessário porque o “chamamento ao caos e ao golpismo” pode ter cada brasileiro como próximo injustiçado. “Dallagnol é um revolucionário. Isso não é um elogio. São esses com poderes sem precedentes os que logo estarão cortando cabeças contra a reforma da Previdência em prol dos próprios privilégios”, declarou na edição desta segunda-feira (18) do Jornal da Manhã.
“Há quem esteja pedindo o fim do STF, pensando que o STF serve para nada. Usa-se [como motivação]o dramalhão de que a Lava Jato de morte para desviar as atenções do escândalo da fundação privada que geriria recursos públicos inventada pelos procuradores de Curitiba. O Brasil não está em crise. Com a atividade politica criminalizada, o debate público radicalizado e a péssima qualidade do material humano mandante, o Brasil é uma crise.
“E tudo indica que piorará, mas não nos faltarão heróis.”
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