Condenação ainda não é ruína de Lula

  • 12/07/2017 15h59
  • BlueSky

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva debochou da Operação Lava Jato durante congresso regional do PT em São Paulo

EFE/Fernando Bizerra Jr. Lula absolvido em segunda instância seria "legitimado como candidato", avalia Andreazza

A condenação de qualquer homem público brasileiro, com exceção do Lula, seria a ruína, avalia Carlos Andreazza, citando o senador Aécio Neves e o presidente Michel Temer, que estariam mortos politicamente mesmo antes de serem condenados em alguma ação.

O comentarista analisou com cautela a condenação a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. “O que nós todos deveremos fazer é ler a sentença e estudá-la”, diz Andreazza.

Ele cita o caso do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, absolvido em segunda instância em um dos processos nos quais foi condenado. “A primeira (condenação) que chegou ao Tribunal Regional Federal foi absolutamente reformada”, cita. “O João Vaccari Neto é personagem onipresente nas delações relativas ao Lula”, lembra Andreazza.

“O meu desespero é de encontrar nessa sentença do juiz Sergio Moro provas”. Para Andreazza, Lula absolvido em segunda instância seria “legitimado como candidato”.

O comentarista avalia, pelo que tem lido da sentença, que “o juiz Moro é impecável”. “(A sentença) é uma aula de português, de raciocínio, de clareza, mas só isso não basta”, ressalva.

“Eu, pessoalmente, entendo que a posição do juiz Sergio Moro é muito delicada. Eu tenho certeza de que o Lula é culpado, mas não basta isso. As denúncias são frágeis. A denúncia sólida contra Lula é a do sítio de Atibaia”, entende o analista. “É difícil encontrar materialidade num caso como esse (do tríplex)”.

Andreazza também critica o discurso de Lula de “nós” contra “eles” e de se colocar como vítima das “elites”, “como se não tivesse sido ele, dentre todos os brasileiros, o maior beneficiado das elites”.

Temer

“O Michel Temer, desde aquela quarta-feira, 17 de maio, em que surgiu a notícia de que haveria a gravação (de Joesley), o foco era em derrubar o presidente da República”, diz Andreazza, destacando que sua principal crítica à delação da JBS é a “inexistência do PT”.

“Temos nesta semana uma semana vitoriosa para o Temer, é inacreditável”, afirma, lembrando a aprovação da reforma trabalhista e a divisão de foco com Lula. “Hoje o Michel Temer tem motivo para tomar uma meia taça de Champagne”.

Sobre a “histeria” que parlamentares petistas, como Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias têm feito após a condenação de Lula, Andreazza é ironiza: “agora é a hora de apagar a luz do senado”. “Deixa o trem-fantasma da histeria falar à vontade”, diz.

“A questão é política e politicamente, temos que ficar alertas, eles sabem manipular os fatos como ninguém”, afirma o comentarista. Assista ao comentário:

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.