Dá para acreditar que Janot não soubesse sobre atividades de Miller?
No relatório final do inquérito que investiga irregularidades na delação de diretores do grupo J&F, a PF aponta evidências de que a Procuradoria-Geral da República sabia que o notório Marcelo Miller atuava como dublê de procurador e advogado a serviço dos Batista.
O documento deixa claro que Sergio Bruno, um dos braços direitos do procurador-geral Rodrigo Janot, tinha ciência da atividade ilegal milionária do colega. E, aqui, questão fundamental se impõe: ninguém mais da cúpula da PGR em Brasília sabia que Miller prestava serviços advocatícios aos Batista enquanto continuava ligado ao Ministério Público Federal? Direto ao ponto: dá pra acreditar que Janot não soubesse?
Segundo o relatório, Miller foi contratado de modo a ser um canal para as diversas demandas e interesses que o escritório que atendia a J&F tinha junto ao MPF. Outra questão, pois, é: com quem e de que forma, no MPF, ele despachava sobre essas demandas e interesses? Vestido de procurador, mas pago por parte privada interessada no caso, até que ponto terá orientado o modus operandi com que Joesley saiu gravando políticos?
Mais uma pergunta: se havia quem soubesse da traficância de Miller na PGR – e, segundo a PF, havia –, por que nenhum procedimento administrativo foi instaurado contra o procurador? Ou melhor: por que ele só passou a ser investigado seis meses depois, quando a casa já tinha caído?
Nada disso importa, e disso nada resultará. O destino desse escândalo é a vala. Isso porque todos os envolvidos no caso – Janot inclusive – não podem ser investigados pela PF. Essa turma de privilegiados só pode ter conduta apurada pela própria PGR. Que tal? E de modo sigiloso. Que tal? E sem vazamentos! Que tal? São ou não são os maiores privilegiados da República?
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