Neymar, não há mal em ser – ou simular ser – coadjuvante

  • Por Carlos Andreazza/Jovem Pan
  • 26/06/2018 09h03
EFE/EPA/TOLGA BOZOGLU Neymar, se não pode ser o Neymar que conhecemos, precisa se reinventar

Neymar é ainda um jovem. Ficou, porém, três meses sem jogar. A expectativa a respeito de seu retorno é delirante. Deriva da ignorância acerca das circunstâncias que o limitam – e que o limitarão até o fim do mundial. Questão de fato. Não de paixão. Fato fisiológico.

Não existe, dado o padrão de exigência física atual, a mais mínima chance de um atleta que esteve inativo por 90 dias voltar em forma competitiva capaz de executar o mesmo volume de imperativos que cumpria até antes da contusão. Isso não o torna dispensável, mas impõe que se descarte a fantasia.

Neymar é um craque disponível para a Seleção Brasileira – essa é uma boa notícia. Mas um craque que regressa depois de se recuperar de uma cirurgia. Impossível seria que reaparecesse de súbito pronto a jogar da mesma maneira, insisto, como jogou até antes da lesão.

As duas primeiras partidas do Mundial evidenciaram que lhe falta a detonação de arranque – a irrupção para o drible que desarma defesas – que sempre justificou seu individualismo. Ele precisa compreender esse estado.

Neymar esteve 90 dias sem jogar. Seu corpo não tem – agora – meios de responder ao comando por ser o que era antes. Seu cérebro, no entanto, jamais parou de funcionar. Ser craque é condição que decorre também da inteligência, da capacidade de raciocínio e improviso.

Neymar, se não pode ser o Neymar que conhecemos, precisa se reinventar. Um Neymar adaptado às circunstâncias pode trabalhar para que outros brilhem. Craques fazem isso diante das próprias limitações. Não há mal em ser – ou simular ser – coadjuvante.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.