Refém do discurso politicamente correto, Cármen Lúcia tem aversão à ideia de desagradar

  • Por Carlos Andreazza/Jovem Pan
  • 22/06/2018 07h16 - Atualizado em 22/06/2018 07h26
Antonio Cruz/Agência Brasil Tenho impressão que Cármen Lúcia nunca falou outra coisa, e desde o alto, condoreira, sem jamais botar a mão na massa

Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, é personagem brasileira muito comum: refém do discurso politicamente correto. Ocorre que se trata de ministra do STF, chefe de um poder, o que torna defeito grave sua característica mais evidente: a doutora tem aversão à ideia de desagradar. Como se um juiz tivesse tal opção. Como se a um juiz ser unanimidade pudesse ser valor, qualidade.

Daí deriva outra característica da senhora: a fala sempre a mesma, tenho impressão que Cármen Lúcia nunca falou outra coisa, e desde o alto, condoreira, sem jamais botar a mão na massa. Democracia é bom. Eu amo a democracia. Temos de amar a democracia. Eu protejo a democracia. Ajude a democracia.

Ontem, quinta-feira, em mais uma palestra em que mais uma vez disse o mesmo, ela – comentando o número excessivo de partidos políticos no Brasil e a baixa identidade conceitual dessas agremiações – apresentou a mais perfeita expressão de seu pensamento sofrido, incapaz de se comprometer, mesmo quando para apontar uma obviedade, uma juíza absolutamente tomado pelo medo de incorrer no crime de desagradar, e aí vai e vem, vem e vai, em cima do muro, uma espantosa coleção de senões. Abro aspas:

“Eu lembro aqui o Partido da Mulher Brasileira, que teve seu registro no período que eu estava no TSE. Mas eu não vejo nenhum tipo de representação específica para lembrar esse partido, até porque na direção, pelo menos inicial, não tinha nenhuma mulher. É curioso que um partido que supostamente representaria a mulher não tenha uma mulher. Não que seja só de mulheres, mas se vai representá-las, é preciso que haja pelo menos a fala da mulher para saber porque ela precisa de partido, se é que precisa, com esse nome. E nem estou dizendo que seja isso que aconteça porque efetivamente não conheço o partido, estou apenas fazendo uma referência sobre algo que chama a atenção”.

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