Cerveró afirma que decisão de comprar refinaria nos EUA foi “conjunta”

  • Por Agencia EFE
  • 16/04/2014 17h44
  • BlueSky

Brasília, 16 abr (EFE).- A decisão de comprar a refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), investigada por possíveis irregularidades, foi tomada em conjunto, afirmou nesta quarta-feira o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.

“A decisão não é uma decisão só minha, é da diretoria e do conselho (da Petrobras) que aprovou este projeto. Não existem decisões individuais nem na diretoria nem no conselho”, declarou Cerveró em audiência na Câmara dos Deputados.

Tanto a presidente Dilma Rousseff, como a presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, disseram que a aquisição foi aprovada porque Cerveró apresentou um relatório técnico que ocultava cláusulas do negócio que eram prejudiciais à empresa.

Cerveró ressaktiy que esse relatório era conhecido pela direção da empresa e alegou que as cláusulas supostamente omitidas são óbvias em qualquer negociação desse tamanho.

A compra da refinaria de Pasadena, em 2006, é investigada pela Polícia Federal, o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público. Além disso, os partidos da oposição realizam gestões para instaurar uma CPI com amplos poderes para investigar o negócio.

A investigação parlamentar pode acabar respingando em Dilma, que na época do negócio presidia o Conselho de Administração da Petrobras em sua condição de ministra da Casa Civil no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2006 a Petrobras pagou US$ 360 milhões pela compra da metade do capital da refinaria, que um ano antes tinha sido adquirida em sua totalidade por US$ 42,5 milhões pela empresa belga Astra Oil.

A Petrobras foi forçada a desembolsar outros US$ 820 milhões para comprar a outra metade da Astra Oil devido a uma cláusula no contrato que obrigava a brasileira a adquirir o outro 50% em caso de divergências entre os sócios.

A outra cláusula questionada obrigava a Petrobras a garantir um lucro mínimo a sua sócia enquanto compartilhassem a refinaria.

Cerveró assegurou que ambas cláusulas são normais em grandes operações.

“Não houve intenção de enganar ninguém”, comentou ao ser questionado se Dilma tinha sido enganada ao aprovar um negócio a partir de um relatório que omitia informações importantes.

“Essas cláusulas não tinham representatividade no negócio. Não eram importantes do ponto de vista da negociação, nem uma cláusula nem a outra”, acrescentou o ex-diretor da Petrobras.

Cerveró afirmou que, além do relatório que apresentou, os membros do conselho tinham a sua disposição diretamente o contrato de compra da refinaria no qual apareciam as duas cláusulas.

O diretor disse ainda que a compra foi um bom negócio para a empresa porque a Petrobras necessitava então de uma fábrica para refinar no exterior o petróleo pesado que extraía no Brasil e perante a falta de capacidade de seus refinarias.

Para defender a viabilidade do negócio, Cerveró argumentou que a refinaria de Pasadena tinha capacidade de processar 100 mil barris diários a um custo média de US$ 5,5 mil por barril, enquanto que o custo médio de uma fábrica normal chega a US$ 13 mil por barril.

Na véspera, em uma audiência no Senado, a presidente da Petrobras afirmou que a compra “não foi um bom negócio” e que a operação provocou perdas à empresa de US$ 530 milhões. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.