Chegada de executiva Mary Barra à direção da GM é divulgada com discrição
Julio César Rivas.
Detroit (EUA.), 15 jan (EFE).- Mary Barra fez história nesta quarta-feira ao assumir oficialmente a direção da General Motors (GM) e se tornar a primeira mulher à frente de um dos maiores fabricantes de automóveis do mundo.
Apesar do significado, tanto para a GM como para o setor automobilístico, da posse de Mary como conselheira delegada da companhia, General Motors não planejou para hoje nenhum evento especial.
A General Motors anunciou em dezembro de 2013 que Dan Akerson, presidente e executivo-chefe da GM desde 1º de setembro de 2010, anteciparia sua saída da companhia após saber que sua esposa tem câncer em estado avançado de desenvolvimento.
Barra, de 52 anos de idade e que passou toda a sua carreira na General Motors, se limitou hoje a emitir dois parágrafos de declarações em comunicado da companhia sobre as perspectivas de crescimento em 2014.
“Seguimos tendo um bom rendimento nos dois mercados mais importantes do mundo: Estados Unidos e China”, disse Barra em sua primeira declaração como conselheira delegada da GM.
“Estamos aproveitando nossa fortaleza nesses países para reestruturar e fazer os investimentos necessários para crescer de forma rentável em outras partes do mundo”, acrescentou.
A discrição com que a General Motors colocou o primeiro dia oficial de Barra à frente da companhia é reflexo da personalidade dessa mulher nascida no seio de uma modesta família de trabalhadores do setor automobilístico de Michigan.
Seu pai, Ray Makela, trabalhou durante 39 anos como operário na fábrica da General Motors em Pontiac.
Um exemplo da discrição de Barra é que em sua conta no Twitter só há quatro mensagens, a última há 35 dias, para agradecer a Akerson seu trabalho à frente da companhia.
Outro exemplo é que quando começou a ascender nos postos de alta direção da General Motors e seu nome começou a se tornar mais público há dois anos, foi erroneamente incluída em listas das mulheres latinas de maior influência nos Estados Unidos, quando na realidade a origem de sua família é o norte da Europa.
A discrição de Barra contrasta ainda mais com a atenção que está recebendo da mídia.
Segunda-feira, quando Barra esteve presente no Cobo Center de Detroit, onde acontece o Salão do Automóvel de Detroit, à cerimônia de entrega de prêmios de Carro do Ano, foi acompanhada por um séquito de mais de 100 jornalistas e fotógrafos.
Apesar da insistência dos jornalistas, no entanto, Barra limitou suas declarações ao mínimo e a frases cuidadosamente escolhidas.
No dia anterior, durante a apresentação da caminhonete GMC Canyon, Barra resumiu a perguntas da imprensa sua filosofia diante da crescente atenção que está recebendo.
“Simplesmente venho trabalhar todos os dias, trabalho o mais duro possível. Estamos concentrados em um objetivo. E isso é o que tenho pela frente”, disse.
“É uma honra ter esse papel. Só quero me concentrar em liderar a equipe”, acrescentou.
Apesar da colocação de Barra e da General Motors, o setor do automóvel não ignora a transcendência real de sua chegada à direção do principal fabricante de automóveis dos Estados Unidos e um dos três maiores do mundo.
“O dia 15 de janeiro de 2014 será recordado como um marco na história do setor mundial do automóvel”, disse hoje uma das analistas do automóvel mais respeitadas da América do Norte, Michelle Krebs.
“É muito significante porque se você for pensar em um setor que esteve dominado historicamente por homens, é o do automóvel”, acrescentou David Cole, presidente do Centro de Pesquisa do Automóvel, uma das instituições mais respeitadas de Michigan.
Além da posse de Barra como conselheira delegada, hoje também é o primeiro dia como presidente da General Motors de Dan Ammann, até agora vice-presidente e diretor financeiro do fabricante. EFE
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