Cidadãos latino-americanos reivindicam transparência em pesquisa do BID
Carlos A. Moreno.
Costa do Sauípe, 28 mar (EFE).- A preocupação com a segurança urbana e um grande desejo de transparência foram as principais reivindicações manifestadas pelos moradores das maiores cidades latino-americanas em uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
“Os latino-americanos que vivem nas grandes cidades querem mais transparência e participação nas decisões dos governos locais sobre novas políticas e investimentos que envolvem infraestrutura urbana”, concluiu o BID no relatório que divulgou hoje durante sua 55ª Assembleia Anual, que começou nesta quinta-feira no balneário da Costa do Sauípe, na Bahia.
A pesquisa, que consultou cinco mil pessoas no final do ano passado em São Paulo, Bogotá, Buenos Aires, Cidade do México e Lima para conhecer os maiores problemas e as principais demandas das grandes cidades, permitiu identificar os desafios mais críticos das urbes para a sustentabilidade futura da América Latina, segundo o BID.
Um dos maiores desafios para as autoridades é dar transparência a suas decisões, de acordo com a pesquisa que escutou os habitantes das cidades em que vivem 70,5 milhões dos 600 milhões de moradores da América Latina, quase 12% do total.
“Uma das principais mensagens da pesquisa é que o povo das cidades quer e pode participar da tomada de decisões a respeito da infraestrutura das cidades”, disse à Agência Efe Alexandre Meira da Rosa, gerente do setor de Infraestrutura e Meio Ambiente do BID, e um dos responsáveis pelo estudo.
Segundo Rosa, embora “a corrupção seja um tema bastante grave na região que tem que ser combatido, quando se pede mais transparência e participação o desejo dos indagados é o de ter uma voz mais ativa na decisão sobre os investimentos e em sua gestão”.
A segurança foi a prioridade número um para os moradores da Cidade do México, Buenos Aires, Bogotá e Lima, e a terceira para os de São Paulo, e a transparência ficou em primeiro lugar na capital paulista, em segundo posto na Cidade do México, Bogotá e Lima, e no quarto em Buenos Aires.
Apesar dos graves problemas de transporte na maioria destas cidades, este assunto não superou nem a segurança nem a transparência como maior preocupação dos habitantes das grandes cidades, e ficou em terceiro lugar em Buenos Aires, Bogotá e Lima, em quarto em São Paulo e em 15º na Cidade do México.
Outros assuntos que figuram entre as maiores preocupações são a participação, a burocracia, a saúde e as mudanças climáticas.
Entre os que menos preocupam na lista de 20 assuntos citados estão os serviços de água, energia, saneamento e resíduos sólidos.
“Quando vemos os resultados por nível de renda, os de menores recursos apontam água e eletricidade como uma de suas principais preocupações. Isso significa que o que para uma boa parte da população são serviços certos, que já os têm como elementares, para outra parte ainda é um tema muito importante que afeta não só sua qualidade de vida, mas também sua saúde e sua capacidade de trabalho”, assegurou o diretor do BID.
A classe baixa, segundo a pesquisa, é a que mais sofre com cortes de eletricidade, especialmente em Buenos Aires, Cidade do México e São Paulo.
Enquanto para as famílias de baixos recursos o acesso a serviços básicos como água, saneamento e eletricidade ou a má qualidade dos mesmos “continua sendo um obstáculo para o melhoramento de suas condições de vida”, para a classe média a principal preocupação é o transporte.
De acordo com a pesquisa, os moradores das cinco cidades demoram na média 1 hora e 28 minutos de ida e volta em seus deslocamentos mais frequentes, ou seja entre sua casa e seu trabalho.
Para os que gastam mais de uma hora e meia ao dia em deslocamentos, o transporte é o segundo assunto na lista de prioridades, depois da segurança.
Segundo o BID, responder aos desafios das grandes cidades da América Latina é um imperativo, uma vez que a região é a mais urbanizada do mundo, com 82% de sua população vivendo nas cidades, porcentagem que pode chegar a 90% em 2050.
Igualmente, é importante solucionar estas demandas porque as cidades não só concentram grande parte da atividade econômica e os empregos da região, mas também os problemas, como a desigualdade, a insegurança e o desemprego. EFE
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