Cientistas descobrem 9 galáxias anãs orbitando a Via Láctea

  • Por Agencia EFE
  • 10/03/2015 16h33
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Londres, 10 mar (EFE).- Astrônomos da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, divulgaram nesta terça-feira um estudo no qual identificam nove galáxias anãs, que eram desconhecidas até agora, orbitando ao redor da Via Láctea.

O descobrimento desses corpos pode ser crucial para se conseguir avanços em termos de conhecimento da matéria escura, a misteriosa substância que mantém unidas as galáxias no universo.

Trata-se da primeira descoberta deste tipo de objeto em cerca de uma década, já que em 2005 e 2006 foram descobertas dúzias de galáxias anãs desse mesmo tipo sobre o hemisfério norte da Terra.

Desta vez, os cientistas detectaram sobre o hemisfério sul, próximo das Nuvens de Magalhães, os novos corpos, bilhões de vezes mais finos e milhões de vezes menores que a Via Láctea.

A mais próxima das nove galáxias anãs se encontra na região da constelação de Reticulum, a 97 bilhões de anos luz da Terra – a meio caminho das Nuvens de Magalhães -, enquanto a mais distante está há mais de 1,2 milhões de anos luz, na constelação de Eridano.

Os investigadores utilizaram os dados obtidos durante o primeiro ano de funcionamento do Observatório da Energia Escura (DES, sigla em inglês), um projeto de observação do céu no qual participam instituições de pesquisa e universidades de Estados Unidos, Brasil, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Suíça.

Três dos objetos descobertos são galáxias anãs bem “definidas”, segundo os cientistas britânicos, enquanto os outros seis poderiam ser tanto galáxias anãs como cúmulos globulares, objetos com propriedades similares as das primeiras, mas nos quais a matéria escura não desempenha um papel essencial.

As galáxias anãs são as menores formações deste tipo no universo e podem chegar a conter apenas 5 mil estrelas, em comparação com as centenas de bilhões que existem na Via Láctea.

Os modelos cosmológicos tradicionais preveem a existência de centenas de galáxias anãs orbitando ao redor de nossa galáxia, mas seu pequeno tamanho e baixa luminosidade tornam sua detecção um trabalho complexo.

Trata-se de corpos compostos em 99% de matéria escura e em 1% de matéria ordinária, aquela que é observável.

A matéria escura, que compõe aproximadamente um quarto de toda matéria e energia do universo, só revela sua presença através dos efeitos gravitacionais sobre outros objetos.

Os satélites da Via Láctea detectados agora “representam a última fronteira para provar nossas teorias sobre a matéria escura. Necessitamos encontrá-los para poder confirmar que a imagem que elaboramos do universo faz sentido”, disse Vasily Belokurov, um dos autores do estudo.

A detecção dos novos corpos é para Wyn Evans, coautor da pesquisa, um resultado “desconcertante”.

“Talvez, em algum momento, eram satélites que orbitavam ao redor das Nuvens de Magalhães e acabaram sendo lançados para o exterior. Ou é possível que sejam parte de um grande grupo de galáxias que, junto com as Nuvens de Magalhães, estão sendo atraídos em direção à nossa Via Láctea”, afirmou Evans.

O Observatório da Energia Escura é um projeto que levará cinco anos e que fotografa o céu do hemisfério sul com um detalhe sem precedentes, graças a uma câmera de 570 megapixels, a mais potente já feita até agora, capaz de detectar galáxias a 8 bilhões de anos luz da Terra. EFE

gx/rpr

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