Cientistas detectam pela 1ª vez ondas gravitacionais geradas após o Big Bang
Londres, 17 mar (EFE).- Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos detectou pela primeira vez, por meio de um telescópio no Polo Sul, as “ondas gravitacionais primordiais”, que foram geradas após a criação do Universo com o Big Bang.
Esta espetacular descoberta, segundo os especialistas digna de Prêmio Nobel, foi anunciada pelo Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica de Massachusetts, nos Estados Unidos, e divulgada nesta segunda-feira pela revista britânica “Nature”.
Segundo a informação divulgada por esta publicação, a equipe dirigida por John Kovac conseguiu perceber pela primeira vez, em um pequeno retalho de céu, essas ondas gravitacionais, consideradas o Santo Graal da cosmologia por provar diversas teorias.
A descoberta destas pequenas ondulações de energia, que seriam imperceptíveis para o olho humano, demonstraria a teoria da inflamação cósmica forjada em 1980 pelo físico teórico Alan Guth, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
A inflamação cósmica seria um breve lapso de tempo durante o qual o Universo multiplicou milhares de vezes seu tamanho, de mais pequeno que um átomo até as dimensões de uma bola de futebol.
Esta teoria dependia de encontrar as ondas gravitacionais geradas durante esse período de expansão depois do Big Bang, há 13,8 bilhões de anos.
Segundo a teoria, a inflação cósmica aconteceu no primeiro instante de vida do Universo, quando tinha 10 elevado a -37 segundos de idade e uma temperatura de 10 elevado a 16 gigaelectronvolts.
As ondas gravitacionais, usadas por Albert Einstein na teoria da relatividade para explicar a gravidade, mas de cuja existência não se tinham provas, foram descobertas pelo Telescópio BICEP (Background Imaging of Cosmic Extragalactic Polarization), instalado no Polo Sul.
Este telescópio estuda a radiação cósmica de fundo (CMB), os ecos que ainda nos chegam do Big Bang e que os astrônomos acreditam que oculta uma “segunda pegada”, que teria revelado a existência dessas ondas gravitacionais.
Segundo a “Nature”, o BICEP2 capturou uma instantânea destas minúsculas ondulações no tecido do espaço-tempo produzidas pelo Big Bang na CMB, durante sua propagação pelo Universo há 380 mil anos.
O fato de que a inflação cósmica, um fenômeno quântico, produziu ondas gravitacionais “demonstra que a gravidade tem uma natureza quântica da mesma forma que outras forças fundamentais conhecidas da natureza”, destacou a publicação.
Embora até agora houvesse provas circunstanciais da inflação cósmica, a descoberta das ondas era considerada como a evidência definitiva.
“Esta é uma prova cosmológica nova e independente que a imagem inflacionária se ajusta em seu conjunto”, declarou à “Nature” o próprio Guth, responsável pela teoria da inflação, que explicaria por que o Universo observável parece uniforme do princípio ao fim.
Em declarações à “Nature”, Kovac ressaltou por sua parte que o que o telescópio percebeu na CMB foi “uma imagem direta de ondas gravitacionais primordiais, que fizeram com que a luz se polarizasse de uma certa maneira”.
Segundo Kovac, as consequências mais importantes da descoberta das ondas gravitacionais, que será apresentada em breve à apuração da comunidade científica, são para a teoria da inflação do Universo e para “a condição quântica da gravidade”. EFE
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