Clima, solo e uvas exóticas intensificam promoção de vinho espanhol no Brasil
Isadora Camargo.
Sao Paulo, 2 out (EFE).- O Brasil tem se tornado um dos mercados mais visados para os produtores de vinhos espanhóis, que estão sendo consumidos em maior escala nos estados do Sudeste, na Bahia e no Distrito Federal, onde os paladares se encantaram pela diferença das notas mais ácidas e das uvas exóticas da Espanha, como destacou nesta quinta-feira à Agência Efe o chefe de promoção de vinhos espanhóis, Antonio Correas.
“Queremos promover uvas autóctones, não globalizadas. É a primeira vez que fazemos um plano de promoção pioneiro por tantos meses, e até agora tinham sido feitos ações isoladas. A ideia é interagir com eventos que estejam no calendário do brasileiro”, explicou.
Uma das atividades foi a promoção de degustação aberta de 10 tipos de vinhos de diferentes adegas espanholas, organizada pelo Instituto Espanhol de Comércio Exterior (ICEX) na última quarta-feira, em São Paulo.
De olho no comportamento desse consumidor, que comprou no último ano 6% de vinhos espanhóis (7,54% a mais do que em 2012), o ICEX aposta na promoção de 23 vinícolas espanholas em território brasileiro.
“Queremos mostrar que esses vinhos caem muito bem com a comida de boteco, os pasteizinhos, o bolinho de bacalhau e o churrasco. Um dos objetivos é familirizar os brasileiros”, disse Correas.
Isso porque a Espanha foi o país que mais produziu vinho em 2013 e tem uma média de 20 litros per capita consumidos/ano, sendo a maior superfície vinícola do mundo.
“Faz muitos anos que a Espanha vende vinhos no Brasil, mas há poucos anos os preços desses importados diminuiram”, comentou Correas.
De acordo com o chefe de promoção, para atingir o paladar brasileiro foi preciso “uma evolução na produção espanhola”, pois o antigo estereótipo era de vinhos “com muita carga de madeira, e o mercado moderno demanda vinhos mais frutados, mais amenos”.
Ele destaca que a oferta divulgada no país faz parte dessa safra “mais jovem” que oferece uma diversidade de combinações gastronômicas e não é meramente degustativa como os tradicionais vinhos premiados no mundo.
Segundo Correas, o mercado demanda vinhos mais amenos, jovens e gastronômicos, características que elucidaram a mudança de modelo de produção espanhol.
“Temos uma produção de raiz com paladar moderno, valorizando os gostos que sejam aceitos por todos os consumidores”, explicou.
Outro destaque da safra espanhola é sua produção mais artesanal e exclusiva, onde se destacam vinhos de reserva com no mínimo três anos de barril e dois de engarrafamento, tempo de envelhecimento suficiente para indicar uma qualidade “única”, segundo o sommelier Arthur Azevedo.
Clima e diversidade de solos são fatores que mais impactam na diferenciação de sabor desses vinhos que, em geral, são provenientes das regiões Rioja, Navarra, Andaluzia e Comunidade Valenciana.
As uvas vão além da tradicional “tempranillo”, aparecendo adegas familiares que utilizam a exótica “Garnacha” de 1910 para dar mais cor e mais teor alcoolico aos sabores de um moderno vinho de Rioja, por exemplo.
Outro sabor exótico é o vinho branco espanhol de uva jerez, bem diferente dos cabernets blancs argentinos e chilenos que ainda são os mercados dominantes no Brasil.
A jerez espanhola é produzida em apenas três cidades de solo branco argiloso, que se diferencia por ser “extremamente seco, ácido, mas bem fresco” como indica o sommelier.
Com a apresentação dos vinhos em noites de degustação, workshops e feiras, o plano de promoção quer atingir “patamares do mercado europeu presente no Brasil”, sem concorrer com os vizinhos latinos. EFE
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