Com Dilma quase fora e Temer ainda fora, Brasil tem vácuo de poder
A semana começa com um vácuo de poder em Brasília, avalia o comentarista político Fernando Rodrigues. A presidente Dilma está quase afasatada e há um vice-presidente quase titular interino.
Haverá tentativas de acordo para que o processo de impeachment tramite mais rapidamente no Senado, mas isso depende da anuência do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Todas as pessoas que garantem que Renan Calheiros vai acelerar o processo de impeachment não falaram com o presidente do Senado. Ele tem sido econômico nas aparicções e falas, mas tem deixado claro desde semana passada que cumprirá todos os prazos regimentais.
Além disso, Michel Temer e Renan Calheiros não têm uma boa relação. Romero Jucá poderia tentar aparar as arestas entre os dois. Se não conseguir, o Brasil deve ficar cerca de 20 dias sem comando.
Reação
O governo deve entrar na justiça para estender o prazo em que Dilma permanecerá no cargo antes de possivelmente ser afastada por 180 dias. O ministro José Eduardo Cardozo se reúne com assessores e a área jurídica no Planalto para decidir possíveis ações que possam atrasar o processo contra Dilma.
Em 1992, quando houve o primeiro impeachment, tudo foi muito rápido porque Collor era muito mal avaliado e não tinha base de apoio.
O PT ainda tentará ganhar tempo no Senado para readquirir alguma musculatura política, que hoje não existe.
Na área política, a reação do PT parece muito clara: reunião do diretório nacional do PT, marcada para terça (19) em São Paulo, deve mostrar que há um movimento grande para propor novas eleições presidenciais ainda em 2016.
O problema é que, para isso, Michel Temer teria que renunciar junto a Dilma Rousseff. Por que ele faria isso?
Temer assumindo sexta? – agenda política
A expectativa é de que a presidente Dilma Rousseff faça um pronunciamento público nesta segunda (18). Está programada também para sexta-feira (22) uma visita de Dilma a Nova Iorque para assinar o acordo climático de Paris.
Se ela cumprir o programado, o vice Michel Temer assumiria por um ou dois dias, conforme programado em lei.
Há na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) a pauta, para quarta-feira (20), da decisão em relação à posse do ex-presidente Lula na Casa Civil. O Supremo pode cancelar ou postergar a análise da causa.
Ainda na quarta, o IBGE deve divulgar a taxa do desemprego.
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