Com sua diversidade, vinhos ibero-americanos apostam no mercado brasileiro

  • Por Agencia EFE
  • 19/10/2014 10h21
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Isadora Camargo.

São Paulo, 19 out (EFE).- Os sabores das uvas exóticas e os solos de diferentes climas transformaram o paladar dos brasileiros, que deixaram um pouco o vinho de estilo suave para preferir os acentuados sabores dos vinhos chilenos e argentinos, ao mesmo tempo que se encantam com o tânico espanhol.

Com uma intensificação na promoção e degustações em cidades como São Paulo, a mistura de sabores de uvas surtiu efeito: “O Brasil é o mercado mais importante para nós”, enfatizou o chefe de Promoção de vinhos espanhóis, Antonio Correas.

Entre os vizinhos Argentina, Chile e Uruguai, algumas adegas familiares ganham espaço nos restaurantes e casas de nossas terras tropicais.

Algumas apostas em novas colheitas e tipos como o Pinot Noir, tipicamente francês mas com seu estilo sulista, foram bem recebidas pelo paladar dos brasileiros.

Um pouco mais devagar, mas firme, o Uruguai também acrescentou opções ao mercado com a vinícola Deicos, que produz um vinho com características parecidas à dos europeus, mas a um custo muito mais barato.

“O paladar brasileiro prefere vinhos mais frutíferos, saborosos e com preço bom e nos últimos anos, os vinhos uruguaios e argentinos, por exemplo, estão oferecendo colheitas de 22 meses em tonel de carvalho francês com vinte anos de estocagem”, declarou à Agência Efe Edimara Cruz, representante de importadores paulistas.

O Brasil foi um mercado foco também para os produtores espanhóis, que com notas ácidas e uvas exóticas conquistaram as mesas de toda a Região Rudeste, do estado da Bahia e do Distrito Federal.

“Queremos promover uvas autóctones, não globalizadas. É a primeira vez que fazemos um plano de promoção pioneiro por tantos meses, pois até agora tinham sido ações isoladas. A ideia é interagir com eventos que estejam no calendário brasileiro”, explicou Correas sobre o programa antecipado pela Espanha.

O Festival de Vinho Sul-Americano, no início de outubro, e a promoção organizada pela agência espanhola de exportações e investimentos ICEX com degustação de dez tipos de vinhos de 23 vinícolas, foram algumas das estratégias recentes dos produtores ibero-americanos em São Paulo.

O Brasil comprou em 2013 6% de vinhos espanhóis, 7,54% mais que em 2012, e, por sua vez, a Espanha é a maior superfície vinícola do mundo, com um consumo per capita de 20 litros anuais.

“Queremos mostrar que esses vinhos se dão muito bem com a comida de bar, os pastelzinhos e o churrasco. Um dos objetivos é familiarizar esses vinhos com os costumes dos brasileiros”, indicou Correas, lembrando que os vinhos espanhóis estão presentes há muitos anos no Brasil e agora com melhor preço.

Uma das estratégias, detalhou Correas, foi a “evolução na produção espanhola” com uma colheita “mais jovem”, para deixar para trás o estereótipo de que os vinhos espanhóis tinham “muita carga de madeira” e apesar de serem “premiados” não ofereciam “combinações gastronômicas”.

O mercado brasileiro demanda vinhos mais “amenos, jovens e gastronômicos”, o que motivou as mudanças do modelo produtor espanhol, que mantém sua característica “artesanal” e “exclusiva” com uma reserva mínima de três anos, comentou à Efe o sommelier Arthur Azevedo.

O clima e diversidade de solos fazem a diferença dos vinhos de regiões espanholas como La Rioja, Navarra, Valência e Andaluzia.

As uvas vão além da tradicional tempranillo, como a exótica garnacha de 1910, que dá mais cor e teor alcoólico, ou a de Jerez para o vinho branco, diferente das cabernets blancs argentinas e chilenas que dominam o mercado brasileiro.

A jerez espanhola é produzida apenas em três regiões de solos brancos argilosos, que se diferencia por ser “extremamente seco, ácido, mas bem fresco”, finalizou Azevedo. EFE

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