Conhaque armênio: parte da história de uma terra milenar

  • Por Agencia EFE
  • 20/04/2015 11h53

Arturo Escarda.

Yerevan, 20 abr (EFE).- Dizem que ao ser perguntado sobre o segredo de sua longevidade, Winston Churchill, na época com 89 anos, recomendou: “nunca se atrase para o almoço, fume Habanos puros e beba conhaque armênio”.

Os historiadores não confirmam a predileção do ex-primeiro-ministro do Reino Unido pelo conhaque armênio, mas é sabido que Churchill foi um grande apreciador da bebida, e, segundo rumores, afirmava que deveria ser tratada como se trata uma dama: com muita delicadeza.

O monte Ararate e o conhaque são duas grandes referências da Armênia, um dos povos mais antigos do mundo, de língua, costumes e cultura milenares.

Embora a história contemporânea da bebida comece no final do século XIX, com a abertura de uma fábrica em Yerevan, muitos acreditam que o conhaque esteja nessas terras desde o século XIV, nos tempos da antiga Babilônia, muito antes de ser popularizado na Europa.

Comercializada como “conhaque armênio”, apesar das controvérsias sobre seu nome, que vem de “cognac”, do francês, esta provavelmente foi a bebida alcoólica mais consumida na antiga União Soviética, que impulsionou sua fama mundial.

Anos antes de a Armênia ser absorvida pela URSS, uma mistura criada pelo mestre enólogo Mkrtich Musiniants foi premiada em uma exposição realizada em 1907 em Bordeaux, na França.

Atualmente a Fábrica de Conhaque de Yerevan, que monopolizou a fabricação do conhaque nacional até a independência da Armênia, é herdeira por direito da primeira indústria construída em 1887 na capital do país.

De suas adegas saem algumas das marcas de conhaque mais conhecidas e apreciadas do mundo, como o Ararat, que leva o nome do monte mítico que envolve histórias relacionadas à Arca de Noé.

Elaborado exclusivamente com variedades de uvas brancas nativas e envelhecidas em barris de carvalho do Cáucaso, o Ararat Dwin é um conhaque único no mundo em função de seu altíssimo teor alcoólico.

“O Dwin é um conhaque envelhecido por 10 anos, que se distingue por conter 50 graus”, afirmou à Agência Efe Cristina Ishjanián, embaixadora da Ararat.

Dizem que foi precisamente esse conhaque que conquistou Churchill, quando Stalin o serviu na histórica Conferência da Crimeia em 1943, que reuniu os líderes das principais nações aliadas contra a Alemanha nazista.

A embaixadora da marca garantiu que, embora não existam registros ou provas, o Dwin certamente foi o conhaque servido na Conferência da Crimeia. De acordo com ela, há “muitos testemunhos que confirmam a história”.

O enólogo Margar Sedrakián, criador do Dwin e de praticamente todos os destilados atualmente exibidos com orgulho pela Ararat e pela Fábrica de Conhaque de Yerevan, foi vitimado pelo regime stalinista no final da década de 40.

Há rumores que Churchill, descontente com o Dwin que costumava receber do ditador soviético, entrou em contato com Sedrakián. E, apesar de não existirem provas desta suposta conexão, o enólogo foi reabilitado pouco após seu exílio na Ucrânia e voltou a trabalhar na fábrica de Yerevan, onde permaneceu até o final de seus dias.

O museu da histórica fábrica de conhaque abriga um autêntico tesouro para os amantes da bebida. “Conservamos um barril de 1902, que fica exposto no museu, mas se trata de um conhaque que permanece sendo cuidado e que poderia ser consumido a qualquer momento”, declarou Ishjanián.

Os enólogos da Ararat cuidam de muitos outros barris especiais, feitos na presença e em homenagem às delegações oficiais que visitam a fábrica, mas que nunca deixam as adegas. EFE

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