Continente americano é a primeira região do mundo a acabar com a rubéola

  • Por Agencia EFE
  • 29/04/2015 17h37

Washington, 29 abr (EFE).- O continente americano se transformou nesta quarta-feira na primeira região do mundo a ser declarada livre da transmissão endêmica de rubéola, após a vacinação durante dez anos de 250 milhões de adolescentes e adultos em 32 países da América Latina e do Caribe.

“É um privilégio anunciar que a América é a primeira região do mundo livre de rubéola”, disse a diretora da Organização Pan-americana da Saúde (OPS), Carissa Etienne, em entrevista coletiva na sede do escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Washington.

Etienne, oriunda da ilha de Dominica, considerou a eliminação da rubéola “uma das conquistas pan-americanas mais importantes da saúde pública do século XXI”, já que trata-se de uma doença viral contagiosa que pode causar múltiplos defeitos no feto e até a morte fetal se a mulher a contrair durante a gravidez.

“A América foi a primeira região a erradicar a varíola em 1971, a primeira a eliminar a poliomielite em 1994, e agora é a primeira a eliminar a rubéola e a síndrome da rubéola congênita”, destacou durante seu discurso Etienne.

Em declarações à Agência Efe, o chefe da Unidade de Imunização Integral da Família da OPS/OMS, Cuauhtémoc Ruiz, explicou que a última infecção de rubéola ocorreu na Argentina, enquanto o último caso de rubéola congênita, desenvolvido em um feto em crescimento cuja mãe tinha contraído o mal, aconteceu em 2009 no Brasil.

Ruiz, que seguiu o processo de eliminação da rubéola primeiro desde o governo do México e depois dentro da OPS, destacou que antes da vacinação a grande escala desta doença o número de crianças que nasciam infectadas na América Latina e no Caribe chegava até os 20 mil.

Em 2003 aconteceu a adoção generalizada da vacina contra o sarampo, a caxumba e a rubéola (SPR), também conhecida como triplo viral, e os países-membros da OPS/OMS fixaram como objetivo de tirar a rubéola do mapa da América para o ano de 2010.

Começou assim uma campanha de vacinação em massa na qual um dos maiores desafios foi conscientizar adolescentes e adultos, homens e mulheres do continente, que se vacinar não era uma “coisa de crianças” e que era necessário tomar medidas contra a doença.

Entre 1998 e 2008, 250 milhões de adolescentes e adultos de 32 países da América Latina e do Caribe foram vacinados, de modo que em 2009 foram registrados os últimos casos, segundo dados oficiais.

No entanto, o vírus seguiu circulando por outras partes do mundo, como Canadá, Estados Unidos e Argentina, de modo que apenas na semana passada o Comitê Internacional de Especialistas para a Eliminação do Sarampo e a Rubéola nas Américas pôde declarar que a região está livre desta doença.

O próximo desafio da OPS é a eliminação do sarampo, uma meta fixada para o ano 2000 e que Ruiz acredita que poderia se tornar realidade “no próximo ano”.

O doutor explicou que o último caso endêmico desta doença foi registrado no ano de 2002, então começou o processo de verificação, mas alguns novos casos no Brasil impediram declarar a região livre desta doença.

“No Brasil há um pequeno surto. Não é como os outros nos quais havia milhares de casos, mas um surto a conta gotas. Temos um caso nesta semana, depois outro dentro de duas semanas”, explicou Ruiz, que assegurou que a OPS e o governo da presidente Dilma Rousseff estão trabalhando para acabar com este mal.

A declaração da eliminação da rubéola e da síndrome congênita de rubéola coincide com a Semana de Vacinação das Américas, realizada entre 25 de abril e 2 de maio e na qual participam 45 países e territórios da região. EFE

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