Cristãos ortodoxos destroem esculturas em exposição em Moscou
Moscou, 14 ago (EFE).- Um grupo de ativistas cristãos ortodoxos russos invadiu nesta sexta-feira uma exposição em pleno centro de Moscou, a poucos metros do Kremlin, e destruiu várias esculturas por considerá-las uma ofensa aos crentes.
“Esta exposição é um sacrilégio. Jesus, por exemplo, está representado de maneira inadequada”, disse à agência “Interfax” Dmitri Tsorionov, líder do movimento religioso “Vontade de Deus” que liderava os radicais.
Ele se referiu à polêmica lei, promulgada há dois anos pelo presidente russo, Vladimir Putin, que pune com penas de até três anos de prisão as ofensas aos sentimentos religiosos dos crentes.
“Esta exposição deve ser fechada, para que a lei para a defesa dos sentimentos dos crentes seja realmente cumprida”, apontou Tsorionov, levado pouco depois a uma delegacia para prestar depoimento.
Após o incidente, a Igreja Ortodoxa Russa (IOR) pediu a todos que respeitem a lei, tanto aos ativistas de “Vontade de Deus” como os organizadores da exposição.
Se as esculturas “ofendem a imagem da cruz, é algo que deveria ter sido esclarecido quando a exposição foi aberta”, disse Vsevolod Chaplin, chefe de relações exteriores da IOR.
“É muito importante que as forças da ordem reajam cada vez que um símbolo querido pelos crentes seja ofendido, para que a lei que proíbe essa profanação pública seja cumprida apesar das críticas na internet”, acrescentou.
Por sua vez, Mikhail Fedotov, presidente do Conselho de Direitos Humanos adjunto à presidência da Rússia, considerou que os ativistas ortodoxos incorreram em vários delitos penais e devem ser punidos por isso.
“Não se deve tomar o exemplo do Estado Islâmico”, asseverou Fedotov, em alusão às obras de arte e inclusive patrimônio mundial destruídos pelos jihadistas, que se amparam em sua distorcida visão do islã.
A lei sobre os direitos dos crentes foi impulsionada e aprovada depois de três jovens integrantes do grupo punk feminino Pussy Riot forem condenadas a dois anos de prisão por “vandalismo motivado por ódio religioso” após cantar contra o presidente Putin e a hierarquia da Igreja Russa no principal templo religioso do país, a catedral de Cristo Salvador de Moscou. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.