Cuba celebra Dia da Rebeldia Nacional em nova era de relações com os EUA
Havana, 26 jul (EFE).- A cidade de Santiago de Cuba, que completa 500 anos na próxima terça-feira, foi a sede das celebrações deste domingo pelo Dia da Rebeldia Nacional, uma das datas mais destacadas do calendário revolucionário da ilha, que neste ano acontece seis dias após o restabelecimento de relações diplomáticas com os Estados Unidos.
O presidente Raúl Castro liderou o ato comemorativo no antigo quartel de Moncada, convertido em uma escola, onde em 26 de julho de 1953 os rebeldes, liderados por Fidel Castro, efetuaram aquela que é considerada a primeira ação armada da revolução.
“Saio daqui com a fiel esperança de que Santiago sempre seguirá sendo Santiago”, foram as únicas palavras que pronunciou hoje o presidente cubano ao finalizar o tradicional ato, que durou pouco mais de uma hora.
A celebração, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, começou às 5h12 (horário local, 8h12 de Brasília), na mesma hora que há 62 anos os rebeldes iniciaram o ataque ao quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, considerada por isso “berço da Revolução” e sede este ano dos festejos por ocasião do 500º aniversário de sua fundação pelos conquistadores espanhóis.
O discurso central do ato esteve a cargo do vice-presidente de Cuba, José Ramón Machado Ventura, que se referiu brevemente à nova etapa de distensão com os EUA e assinalou que no último dia 20 de julho, com o restabelecimento das relações entre ambos países e a reabertura de suas embaixadas, “terminou a primeira fase do processo iniciado em 17 de dezembro”.
“Começa agora um longo e complexo caminho rumo à normalização das relações, que inclui o fim do embargo e a devolução da base naval de Guantánamo”, afirmou Machado Ventura, que reiterou as reivindicações fundamentais da ilha com os EUA.
O vice-presidente iniciou seu discurso lembrando o líder da revolução cubana, Fidel Castro, “cuja vida e obra revolucionária está vinculada a esta cidade heroica”.
“O dia 26 de julho passou a ser uma data assinalada e histórica, não só pelos acontecimentos desse dia. Mas porque essas ações não foram em vão. As sementes que caíram para ver Cuba livre deram seus frutos”, ressaltou.
O ato político e cultural contou com várias apresentações musicais e com a presença de “Los Cinco”, os agentes cubanos que cumpriram longas penas por espionagem nos EUA; e do “menino náufrago” Elián González, protagonista em 1999 de um famoso caso de emigração ilegal aos EUA.
Ao contrário de outros anos não estiveram entre os convidados presidentes de outros países aliados de Cuba, embora nos discursos do ato se tenha lembrado da colaboração de Venezuela e Equador na reconstrução de Santiago de Cuba após a devastação causada nessa região pelo furacão “Sandy” em outubro de 2012.
Em 26 de julho de 1953, o jovem advogado Fidel Castro liderou junto com um grupo de jovens revolucionários, incluindo seu irmão Raúl, o fracassado ataque aos quartéis de Moncada, em Santiago de Cuba, e Carlos Manuel de Gramados, na cidade vizinha de Bayamo, contra o regime de Fulgencio Batista.
Embora naquele levante contra Batista a maioria dos invasores tenha morrido ou sido aprisionada, a ação marcou o início da revolução que chegou ao poder em 1º de janeiro de 1959 liderada por Fidel.
Santiago de Cuba, a segunda maior cidade do país com uma população próxima aos 500.000 moradores e localizada cerca de 900 quilômetros ao leste de Havana, acolheu a celebração desta data, para o que a cidade se enfeitou e trabalhou desde meses atrás na restauração de monumentos e edificações históricas e a construção e reabilitação de obras sociais.
Santiago de Cuba também foi em 2013 sede dos atos centrais pelo 60º aniversário do Dia da Rebeldia Nacional, que em 2014, foi comemorado pela primeira vez em Artemisa, uma província criada em 2010 pelo governo de Raúl Castro para ensaiar um novo modelo de gestão administrativa e econômica no país. EFE
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