De la Rúa reitera que manifestações de 2001 foram complô contra seu governo
Buenos Aires, 24 fev (EFE).- O ex-presidente argentino Fernando de la Rúa (1999-2001) voltou a sustentar nesta segunda-feira que a agitação social de dezembro de 2001 foi produto de um complô para forçar sua renúncia, e acusou governadores provinciais de incitarem a violência à época.
“Criou-se um clima de desordem para forçar minha saída”, denunciou o ex-chefe de Estado em declarações a um jornal local, no mesmo dia em que começa o julgamento para determinar responsabilidades por cinco das 39 mortes que houve durante a repressão das manifestações contra o governo no final de 2001.
A Justiça argentina inocentou o ex-mandatário ao considerar que atuou de forma legítima declarando estado de sítio no país em dezembro de 2001, por isso não acompanhou hoje no banco dos réus Enrique Mathov, ex-secretário de Segurança, o ex-chefe da polícia federal Rubén Santos e 15 policiais, supostamente responsáveis por cinco mortes e duas tentativas de homicídio.
De la Rúa reiterou que desde seu governo “não houve nem ordem nem plano” para reprimir os manifestantes, por isso “não há responsabilidade pessoal nem uma ação que deveria ser lamentada”.
O ex-presidente afirmou que os trágicos incidentes de 2001 foram “incitados pelos governadores, principalmente na província de Buenos Aires” e acrescentou que “há imagens de prefeitos acompanhando os manifestantes indicando quais supermercados roubar”, em declaração ao portal “Infobae”.
Fernando de la Rúa declarou em estado de sítio em 19 de dezembro de 2001, em meio a protestos massivos contra as decisões do governo que no início deste mês havia criado o “corralito” bancário.
Longe de refrear as manifestações civis, as mobilizações se intensificaram aos gritos de “fora todos” e em 20 de dezembro a polícia reprimiu ferozmente os manifestantes que ficavam na Praça de Maio, a praça do Congresso e as regiões próximas.
De la Rúa renunciou à presidência no mesmo dia e deixou a Casa Rosada de helicóptero.
Após a renúncia de De la Rúa, que desde então manteve a teoria de que foi vítima de um complô, cinco presidentes se sucederam em poucos dias até que em 2 de janeiro de 2002 o Parlamento designou chefe de Estado o senador Eduardo Duhalde (2002-2003). EFE
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