Denise: Guedes precisará resistir à pressão para chegar ao seu objetivo
O ministro Paulo Guedes estava muito à vontade e com muita disposição para explicar detalhadamente pontos da economia do Governo em entrevista exclusiva que realizou comigo e foi ao ar nesta segunda-feira. Aparentemente, notícias pela metade o incomodam.
Alguns pontos que foram salientados estão muito corretos. O ministro tem um objetivo muito claro de impor uma gestão liberal na economia, reduzir o tamanho do Estado, fazer as reformas. Guedes está incomodado com a demora na reforma da Previdência. O ministro gostaria de ter visto a reforma tributária avançar depois dele conseguir o pacto federativo, uma redistribuição de responsabilidades.
A equipe econômica vai agora atrás de uma proposta de reforma tributária que, pare eles, deve ir além dessas que estão sendo discutidas. Guedes mostra disposição em tentar chegar a um ponto comum de convergência entre a da Câmara, do Senado e a que está em elaboração.
O ministro não desistiu totalmente dessa condição de redução dos encargos sobre a folha, ele acha que isso é importantíssimo para dar condição de maior geração de empregos. Mas Paulo Guedes não parece ter pressa em garantir resultados maiores em termo de crescimento.
Comentamos bastante sobre a questão da economia continuar com baixo crescimento e o ministro alegou que a previsão de alta foi feita pelo Governo anterior e no mercado que apostou demais na mudança da gestão. Por mais que haja uma estruturação boa da agenda do Governo, existem dificuldades de implementação, de viabilizar os ajustes das contas públicas.
Guedes acredita que haverá condições de estimular de fato os investimentos que dependem do capital privado. Investimentos que podem vir do exterior, tirando essa responsabilidade do Estado.
Nessa transição, ele acha que é normal que haja um ritmo menor de investimentos, um ritmo mais fraco de atividade econômica. Mas, na medida que haja confiança, ai haverá uma geração maior de empregos, mais investimentos. E a economia pode entrar em uma trajetória mais sustentável de crescimento.
O problema é a urgência. Paulo Guedes vai ser cobrado inevitavelmente. Nesta segunda-feira (23) o Boletim Focus traz uma previsão de crescimento da economia de apenas 0,87% este ano, de 2% ano que vem. A gente sabe que o desemprego continua muito alto, muitas empresas – principalmente pequenas – continuam com dificuldades. Isso gera uma pressão.
Paulo Guedes vai ter que resistir a toda essa pressão porque muita gente gosta da ideia do voo de galinha, que são estímulos pontuais que fazem a economia crescer.
O ministro colocou o Congresso, tanto o Senado quanto a Câmara, como aliados em relação às propostas que pretende implementar. Ele pareceu bem tranquilo dentro do objetivo maior dele. Objetivo maior que cabe até interferências de Bolsonaro.
Para Guedes, elas são justificáveis na medida em que ele é quem deu a responsabilidade toda para Paulo Guedes, ministro.
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