Denúncias de corrupção põem exército da Colômbia contra a parede

  • Por Agencia EFE
  • 16/02/2014 20h22

Bogotá, 16 fev (EFE).- A existência de uma suposta rede de corrupção nas milionárias compras e licitações do exército da Colômbia, revelada neste domingo pela imprensa, pôs contra a parede essa instituição que há duas semanas já está no meio de outro escândalo por causa das atividades de seus serviços de espionagem.

Segundo revelou a revista “Semana”, com base em gravações telefônicas, foram firmados nos dois últimos anos contratos no exército que tiveram a intervenção de membros da alta cúpula militar e oficiais que estão presos por execuções extrajudiciais, conhecidas no país como “falsos positivos”.

Parte do dinheiro obtido com esses contratos aparentemente foi utilizado para ajudar militares que estão presos por violações aos direitos humanos.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que considerou “inaceitável” a acusação de corrupção nas Forças Armadas, ordenou que o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, “imediatamente proceda com as decisões contundentes e exemplares necessárias e as relate ao país”.

Pinzón, que esteve reunido em Cartagena com o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, não escondeu a gravidade da situação e garantiu que o governo está fazendo “uma análise muito judiciosa para tomar as decisões oportunas e necessárias”.

Os contratos incluem desde a compra de equipamentos e de material de intendência até gasolina para os veículos, e em muitos casos os preços cobrados ao exército estão muito acima do valor real de mercado, segundo algumas conversas divulgadas pela revista.

Em uma delas, um dos interlocutores do coronel Róbinson González del Rio, detido desde 2012 pela execução de dois camponeses ocorrida em 2007 e que aparece como eixo das corrupções, conta das intervenções com outros militares para conseguir a dedo um contrato de 14 bilhões de pesos (cerca de US$ 7 milhões), da Divisão de Ataque Aéreo do exército.

Devido à guerra contra os grupos guerrilheiros, paramilitares e máfias de narcotraficantes, o setor de Defesa da Colômbia maneja um grande orçamento que para este ano é de 27 trilhões de pesos (US$ 13,35 bilhões), o equivalente a 3,7% do PIB do país.

“Muito graves os fatos de corrupção no interior do exército Nacional”, disse Santos em comunicado.

O presidente acrescentou que pediu à promotoria que dê “prioridade a esta investigação”, e o mesmo à procuradoria (Ministério Público e órgão de controle disciplinar) e a Controladoria, que faz as funções de tribunal de contas, pois considerou que estes fatos não podem ficar em mãos da justiça penal militar.

As denúncias respingaram no máximo comandante militar da Colômbia, o general Leonardo Barrero, que chegou ao cargo em agosto como uma estrela em ascensão do exército pelos golpes que causou à guerrilha quando era chefe do Comando Conjunto do Sul-Ocidente.

Segundo uma gravação de fim de 2012, o general Barrero manteve contato telefônico com o coronel González del Rio, na época já detido em uma guarnição militar de onde aparentemente manejava negócios com o exército.

Nessa conversa não se fala de contratos, mas da situação jurídica de González del Rio e Barrero sugeriu a seu subalterno uma campanha de desprestígio dos promotores que o acusam: “Façam uma máfia para denunciar os promotores e toda essa gente”, disse o general ao coronel, segundo a revista.

O general Barrero disse neste domingo estar tranquilo porque não interveio em nenhuma contratação do exército, e ao mesmo tempo se desculpou com a promotoria e com o país “pelo infeliz emprego de expressões que considerou apressadas e irresponsáveis”.

Para Barrero, “nenhum dos áudios publicados pela revista Semana permite deduzir que o Comandante Geral das Forças Militares tenha participado de atos de corrupção”.

Este escândalo se soma ao que surgiu em 4 de fevereiro, também pela “Semana”, que na manchete afirmava que uma central de inteligência militar espionou personalidades políticas do país, entre eles membros da equipe negociadora do governo nos diálogos de paz com as Farc em Cuba.

Por causa desse escândalo dois generais foram “substituídos” dos cargos de chefia de Inteligência do exército e a inspeção (espécie de corregedoria) desse corpo recomendou a substituição de cargos de outros seis funcionários que participaram diretamente na operação para garantir a transparência das investigações. EFE

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