Diferenças entre leste e oeste do muro são sentidas por 64% dos berlinenses

  • Por Agencia EFE
  • 04/11/2014 15h20

Berlim, 4 nov (EFE).- Mesmo depois de 25 anos da queda do muro de Berlim, 64% dos berlinenses ainda veem diferenças entre o leste e o oeste da cidade, segundo um estudo da Fundação Hertie divulgado nesta terça-feira.

O número de pessoas que não percebem diferenças entre os dois lados da cidade subiu de 24% em 2009 para 36% este ano.

“O muro nas cabeças começa a desmoronar, embora não tenha desaparecido totalmente”, disse a socióloga Michaela Kreyendfeld, que participou deste estudo interdisciplinar que teve a colaboração do Instituto Max Planck de Demografia.

A maioria dos entrevistados se define primeiro como alemão, depois como europeu e só em último lugar como berlinense do leste ou do oeste.

Curiosamente, para os berlinenses de nascimento, ou que vivem desde crianças na cidade, as categorias de leste e oeste têm menos peso do que para que migraram para Berlim.

Kreyenfeld ressaltou que, embora o número tenda para baixo, ainda há uma clara maioria que aprecia as distinções entre as duas zonas da cidade e destacou que também segue havendo diferenças na atitude das pessoas de lá e de cá em relação a vida.

O estudo, apresentado hoje em Berlim, constata uma grande evolução da capital alemã desde 1989, embora com matizes pois “muitas coisas melhoraram mas não todas”, assinala.

“Há 25 anos, da noite para o dia, Berlim deixou de estar nos extramuros do mundo e se encontrou no centro da Europa”, lembrou Helmut Anheier, um dos diretores do estudo.

Essa situação trouxe, segundo Anheier, “grandes expectativas e profundas decepções”, muitas vezes marcadas por uma transformação caótica.

“Hoje, um quarto de século depois da queda do muro, muito daquilo parece superado. Berlim já não é a Berlim dos anos posteriores à queda do muro e a estagnação da década passada também parece ter sido superada”, disse Anheier.

Berlim é a cidade alemã com mais fundações de empresas e com mais visitantes enquanto o desemprego, embora seja alto em relação à média germânica, está caindo.

Esses aspectos positivos contrastam com a elevada média de receptores de ajuda social – 12%, mais alto que em qualquer outro lugar da Alemanha, a escassez de habitação e a alta dos aluguéis, que terminaram por expatriar as famílias de baixa renda para a periferia da cidade.

Apesar desses aspectos negativos, em Berlim parece predominar agora o otimismo e, segundo Anheier, a satisfação dos berlinenses com sua situação é maior do que permitiriam esses indicadores representariam.

“O otimismo de seus moradores e a atração e o poder de integração da cidade são por enquanto seu maior potencial”, explicou Anheier. EFE

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