Egito repudia críticas recebidas por condenação de Mursi à morte
Cairo, 17 mai (EFE).- O Ministério das Relações Exteriores do Egito classificou neste domingo como “ingerência nos assuntos internos do país” as críticas internacionais contra a condenação à morte sentenciada no sábado por um tribunal egípcio contra o ex-presidente Mohammed Mursi.
“O Ministério das Relações Exteriores considera inadequado comentar os pronunciamentos da Justiça egípcia, pois isso significa ingerência nos assuntos internos do país”, explica um comunicado oficial.
A nota ressalta que “qualquer sinal negativo em relação à justiça egípcia é totalmente inaceitável, em nível tanto oficial como popular, pelo prestígio e pelo respeito da magistratura egípcia”.
No sábado, a justiça egípcia condenou provisoriamente Mursi e outros 105 islamitas à pena de morte por fugirem de uma prisão durante a revolução de 2011, que queda do então líder Hosni Mubarak.
Como é habitual no Egito, a decisão será encaminhada ao mufti, máxima autoridade religiosa do país, que emitirá uma sentença não vinculativa antes de o tribunal pronunciar a decisão definitiva no dia 2 de junho.
A nota das Relações Exteriores, que em nenhum momento cita outros países ou organizações especificamente, denunciou que os Estados que criticaram o julgamento de Mursi não repudiaram a morte de três juízes egípcios ontem em um ataque armado na cidade de Al Arish, no norte da Península do Sinai.
Os agressores, que não tiveram os vínculos identificados, mataram a tiros os três magistrados e o motorista do veículo em que estavam. Além disso, outro juiz ficou ferido.
Países como a Turquia e organizações internacionais, como a Anistia Internacional (AI), criticaram no sábado a condenação de Mursi.
A AI classificou o julgamento de “farsa” e afirmou que essa condenação “mostra o deplorável estado do sistema judiciário” do Egito.
O ex-mandatário, que continua defendendo que é o “presidente legítimo” do Egito, foi deposto no dia 3 de julho de 2013 em um golpe militar liderado pelo então chefe do exército e atual presidente, Abdul Fatah al Sisi, após vários dias de grandes protestos.
Desde a queda de Mursi, as autoridades perseguiram os simpatizantes, integrantes e líderes da Irmandade Muçulmana, considerado grupo terrorista. EFE
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