Em busca de acordo, negociações sobre programa nuclear do Irã se intensificam
Antonio Sánchez Solís.
Viena, 21 nov (EFE).- Os esforços para fechar um acordo que impeça o Irã de desenvolver armas atômicas subiram de nível e intensidade nesta sexta-feira com uma jornada de negociações entre a República Islâmica e as grandes potências para tentar acabar, antes de segunda-feira, com as grandes diferenças que ainda existem.
A chegada a Viena hoje dos ministros das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, e do Reino Unido, Philip Hammond, acrescentou peso político a esta definitiva rodada de contatos, que tem como data limite o dia 24 de novembro.
Já nesta quinta-feira, o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, tinha se incorporado aos diálogos conduzidos pelo ministro das Relações Exteriores Mohammad Yavad Zarif pela parte iraniana, e pela antiga chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, em nome da comunidade internacional.
Até sete encontros de todo tipo e com diferentes interlocutores, entre eles dois com Kerry e Zarif, aconteceram no luxuoso hotel do centro de Viena que recebe as negociações e diante do qual fazem plantão centenas de representantes da imprensa internacional.
Ao deixar o recinto, Hammond definiu os encontros de hoje como “frutíferos”, mas lembrou que se trata de um “assunto complexo” e que ainda há “diferenças significativas”.
A possibilidade de que se possa chegar a um acordo antes da data limite pareceu tomar forma com o anúncio de que todos os ministros partiriam hoje mesmo rumo a suas respectivas capitais, com exceção de Kerry, que decidiu ficar mais uma noite em Viena, “para seguir com as consultas com Zarif e Ashton.
Pouco depois, fontes iranianas descartaram que Zarif retorne hoje a Teerã, argumentando que as negociações não chegaram a um ponto em que seja necessário consultar os líderes do país.
A expectativa é que amanhã, sábado, chegue a Viena o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, enquanto fontes russas disseram à Agência Efe que o chefe da diplomacia da Rússia, Sergei Lavrov, poderia fazer sua aparição no domingo.
Este anúncio parece indicar que finalmente existe a possibilidade de um acordo, já que Moscou tinha anunciado que seu ministro só viajaria para Viena se houver uma opção real de assinar um documento com os iranianos.
Outra pista nesse sentido é que o Ministério das Relações Exteriores da Áustria, que presta assistência logística à negociação, está preparando um salão de grandes dimensões, que costuma ser usado em grandes eventos, no antigo Palácio Imperial de Hofburg.
Garantir que o Irã não possa fabricar armas nucleares em curto prazo é o objetivo principal de negociações nas quais estão envolvidos há um ano Teerã e o chamado Grupo 5+1, formado pelas cinco potências com direito a veto no Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) mais a Alemanha.
“O Irã tem perfeitamente o direito de acessar à energia nuclear civil, mas não à bomba atômica”, declarou hoje perante a imprensa Fabius, resumindo o núcleo de um conflito que já dura 12 anos, quando se revelou que a República islâmica tinha desenvolvido durante anos um programa atômico clandestino.
Um dos principais obstáculos para um acordo está em definir a quantidade e a pureza do urânio enriquecido que se permite ao Irã, devido ao duplo uso militar e civil desse combustível nuclear.
O outro assunto polêmico é definir o ritmo para suspender as sanções impostas há anos ao Irã pela comunidade internacional para forçar-lhe a negociar sobre seu programa atômico.
Enquanto o regime dos aiatolás pretende um alívio imediato dessas medidas, que estão afogando sua economia, Estados Unidos e União Europeia querem uma suspensão progressiva em função de que o acordo siga sendo aplicado. EFE
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