Em Davos, Irã afirma que “está preparado” para acordo sobre programa nuclear
Davos (Suíça), 23 jan (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, disse nesta sexta-feira que seu país “está preparado” para um acordo nas negociações que mantém com Ocidente sobre seu programa nuclear.
“Acreditamos que será possível alcançar um acordo em breve”, afirmou Zarif durante seu discurso em uma sessão do Fórum Econômico Mundial de Davos dedicada às perspectivas geopolíticas.
Zarif sustentou que a política de confronto que seu país percebe – devido às sanções políticas e econômicas que Estados Unidos e União Europeia mantêm contra seu país enquanto dura a negociação – “não ajuda em nada”.
“Com o confronto e as sanções não se conseguiu nada. Quando foram impostas (há uma década) tínhamos 200 centrífugas e agora temos 20 mil, que é exatamente o que se pretendia evitar. É um jogo no qual todos perdemos”, afirmou o ministro.
Zarif advertiu aos Estados Unidos que devem “abandonar a esperança” que poderão conseguir um acordo mantendo as sanções. “Isso nunca acontecerá, ou então não haverá acordo”, assegurou.
O Irã negocia há mais de um ano com um grupo de países conhecido como G5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – mais a Alemanha) a maneira de eliminar o risco de que seu programa nuclear possa ser utilizado com fins bélicos.
As equipes negociadoras intensificaram no último mês seus contatos, com vária reuniões bilaterais mantidas na semana passada em Genebra entre os analistas de Irã e EUA, que hoje e amanhã voltam a se encontrar em Zurique.
Entre ambos contatos, no sábado passado, houve uma reunião entre a equipe iraniana e a do G5+1.
De forma paralela, Zarif manteve nos últimos dez dias três reuniões para tratar esta questão com o secretário de Estado americano, John Kerry, a última delas hoje em Davos.
A intensidade dos últimos contatos indica que ambas partes realizam esforços para aproximar suas posições e conseguir um acordo final dentro do prazo previsto, que expira no próximo dia 1º de julho.
Um acordo político deveria ser alcançado no mais tardar em março para deixar aos analistas tempo suficiente para fechar todos os detalhes técnicos antes da data assinalada.
Durante seu discurso, Zarif acusou setores do Congresso dos Estados Unidos de tentar “torpedear” o processo negociador com a adoção de novas sanções.
O ministro iraniano antecipou que mesmo se o presidente Barack Obama vetasse tal decisão, o Congresso iraniano tomaria medidas de represália que, de acordo com as regras no Irã, não poderiam ser vetadas pelo presidente Hassan Rohani.
“Existe uma boa probabilidade de chegar a um acordo. Não devemos desperdiçá-la”, concluiu Zarif. EFE
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