Em discurso para a Cúria, papa Francisco adverte sobre 15 “doenças” do Vaticano

  • Por Agencia EFE
  • 22/12/2014 10h49
EFE Papa Francisco surpreendeu ao tecer duras críticas à Igreja durante tradicional discurso de Natal

O papa Francisco enumerou nesta segunda-feira (23) durante um discurso as 15 “doenças” que atingem à Igreja e à Cúria romana, como o “alzheimer espiritual”, “o sentir-se imortal” “a mundanidade e o exibicionismo” e “a vanglória”.

O papa aproveitou o tradicional encontro na sala Clementina para lembrar o Natal com os membros da Cúria romana, que administram o governo da Igreja, para advertir sobre os males que devem evitar.

Francisco começou dizendo que “seria lindo pensar que a Cúria romana é um pequeno modelo de Igreja”, e acrescentou que “um membro da Cúria que não se alimenta cotidianamente com o alimento (de Deus) se transforma em um burocrata”.

Depois, perante os cardeais presidentes dos vários dicastérios que formam a Cúria, foi enumerando uma a uma as 15 doenças e começou pela de “sentir-se imortal ou indispensável”.

“Uma Cúria que não faz autocrítica, não se atualiza e não tenta melhorar é um corpo doente”.

Para os que pensam assim, o pontífice convidou a visitar os cemitérios para ver os nomes de várias pessoas “que se achavam imortais, imunes e indispensáveis”.

Para Francisco, “isto deriva da patologia do poder, do complexo de sentir-se um eleito e do narcisismo”.

Outras doenças desta lista de males da Cúria é o “excessivo trabalho”; o “endurecimento mental e espiritual”, que “impede chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram”; “o excessivo planejamento” e “a doença da má colaboração”.

O papa também destacou o “alzheimer espiritual”, observado em “quem perdeu a memória de seu encontro com o Senhor e depende só de suas próprias paixões, caprichos e manias e constrói a seu redor muros e costumes”.

Outro dos males é o da “rivalidade e a vanglória”, que surge “quando a aparência e a cor dos vestidos e as insígnias de honra se transformam no objetivo primário da vida”.

“A doença da esquizofrenia existencial”, está presente nos que vivem “uma vida dupla fruto da hipocrisia típica do medíocre” e afeta aqueles que “abandonaram o serviço pastoral só para fazer os assuntos burocráticos”, explicou.

A “fofoca” é outra doença citadas pelo papa, assim como a “divinização dos chefes”, ao ser “vítimas do carreirismo e do oportunismo pensando apenas no que se deve obter e não no que se deve oferecer”.

Além disso, citou “a doença da indiferença com os demais”, pois o religioso “deve ser uma pessoa amável, serena, entusiasta e alegre”, disse.

A doença de “acumular bens materiais”, a de pertencer “a círculos fechados” e a da “mundanidade e o exibicionismo”, foram as últimas da lista.

Francisco lembrou que um dia leu que “os sacerdotes são como os aviões que só são notícia quando caem”. No entanto, ressaltou, “há muitos que voam”, e que “muitos criticam, mas poucos rezam por eles”.

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