Em jantar com Trump, cada um leva o que quer para a mesa
A assembleia geral das Nações Unidas em Nova York é uma maratona de discursos e oportunidades para encontros bilaterais e multilaterais de líderes de todas as partes do mundo.
Nada contra o jantar informal agendado para esta noite de segunda-feira entre o homem da Trump Tower, o presidente Temer e outros líderes latino-americanos. O tema central é Venezuela.
Trump, Temer e o resto do mundo não têm exatamente uma estratégia para resolver a crise. A urgência do desafio exige conversas e um fluxo de ideias para tentar alguma trilha que desvie a Venezuela do abismo, embora a sensação seja a de que o chavismo já tenho levado o país para lá.
Trump é um presidente do improviso e dos impulsos. Tem uma doutrina que pode ser definida como America First. Ele não quer atuar como xerife do mundo, mas os primeiros nove meses de governo provaram que em muitas situações a superpotência americana não pode se eximir de responsabilidades globais.
No caso do Brasil, ao menos houve um salto qualitativo na postura sobre o país vizinho, da cumplicidade lulopetista com o chavismo a uma tímida busca de uma solução para a crise, além de distanciamento do governo de Nicolás Maduro.
Obviamente, Temer quer impedir a escalada de uma crise humanitária na Venezuela (os refugiados estão aí) e um vácuo de poder. Além das ansiedades, não existe nada muito efetivo a oferecer.
Eu não vislumbro nada de muito útil desta reunião em Nova York. Basta ver que as iniciativas diplomáticas na esfera da OEA resultaram em medidas simbólicas.
Para Temer, convém sair por um par de horas do notíciário policial e ficar no diplomático. Para Trump, a reunião sobre Venezuela será um aperitivo para provar que as únicas coisas que lhe interessam no hemisfério não são impedir que os tais ‘estupradores” mexicanos entrem nos EUA, construir um muro imaginário na fronteira e detonar o Nafta, o acordo de livre comércio da América do Norte.
Claro que é ideal que o hemisfério tente falar com um voz com o falido regime chavista. Regimes como o de Cuba e o da Síria infelizmente comprovam que podem ter longa vida ao preço de opressão (no caso castrista) e de genocídio (caso de Bashar Assad).
Nicolás Maduro mostra a determinação para jogar um vale-tudo para ficar no poder. Um jantar de líderes hemisféricos é pouco. No entanto, por que não? Não fazer nada seria indigesto.
Jantar informal
No jantar informal desta segunda-feira (18) em Nova Iorque, nos Estados Unidos, o presidente Michel Temer se reúne com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar de assuntos diversos. “Cada um come o que quer e leva o que quer para a mesa”, diz Caio Blinder sobre o encontro que contará ainda com os representantes de Peru e Colômbia.
Enquanto Temer deverá falar sobre acordos unilaterais, o principal assunto – e motivo para o jantar – deve ser a crise na Venezuela.
Assista ao comentário completo de Caio Blinder:
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