Estudantes chilenos ocupam escritório de empresa vinculada a casos corrupção

  • Por Agencia EFE
  • 15/04/2015 13h53

Santiago do Chile, 15 abr (EFE).- Cerca de 30 estudantes chilenos invadiram nesta quarta-feira a sede social da empresa Soquimich (SQM), em Santiago, para protestar pelos casos de corrupção no quais esta poderosa companhia está envolvida, fundada em 1968 e privatizada durante a ditadura.

Os manifestantes, pertencentes à Assembleia Coordenadora de Estudantes do Ensino Médio (Aces), entraram na sede da empresa, a maior produtora mundial de adubos de especialidade, e fecharam com cadeados a entrada principal do edifício, situado no distrito financeiro da capital chilena.

“Chegamos até as dependências da SQM para protestar contra os poderes empresariais corruptos. Tudo isto representa a raiva que temos perante estes fatos, porque finalmente os culpados não têm nenhum castigo”, declarou à Agência Efe a porta-voz da Aces, Aurora Rozas.

Finalmente, os estudantes foram retirados do escritório e 22 jovens foram detidos por forças especiais de Carabineiros, porque se tratava de uma “ocupação ilegal”.

A Soquimich está sendo investigada atualmente por fraude tributária e pelo financiamento irregular de candidaturas políticas.

Estes delitos supostamente teriam sido cometidos emitindo faturas falsas, o que representa um delito tributário, já que desta forma a empresa reduzia sua base tributável e pagava menos impostos.

A investigação contra a SQM surgiu como uma seção dentro do chamado caso Penta, um conglomerado financeiro também acusado de fraude ao fisco e cujos donos estão em prisão preventiva. Além disso, foi descoberto que o grupo supostamente usava documentação falsa para financiar campanhas políticas.

A empresa é controlada pelo empresário Julio Ponce Lerou, ex-genro do desaparecido general Augusto Pinochet, quem fez com ela quando fosse privatizada, em tempos da ditadura.

“Foi muito difícil e lamentável a situação. Como empresa entendemos estas manifestações, a liberdade de expressão, mas esta não era a forma e temos que guardar a segurança das pessoas neste edifício”, assegurou a gerente de comunicações e assuntos públicos da SQM, María José Veloso.

A invasão na sede da SQM foi realizada na véspera da primeira marcha estudantil deste ano, convocada para protestar pelo rumo que adquiriu a reforma educativa que impulsiona o governo de Michelle Bachelet e denunciar a ausência de diálogo.

Sob o lema “Que o Chile decida sua educação”, a mobilização foi convocada para amanhã pela Confederação de Estudantes do Chile (Confech), a Coordenadora Nacional de Estudantes do Ensino médio (Cones), a Aces e o Colégio de Professores. EFE

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