EUA dão novo impulso político às negociações nucleares com o Irã

  • Por Agencia EFE
  • 15/10/2014 18h16
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Luis Lidón.

Viena, 15 out (EFE).- Os Estados Unidos tentam nesta quarta-feira em Viena destravar as negociações nucleares internacionais com o Irã para conseguir um acordo antes do limite fixado para 24 de novembro, que permita garantir o caráter pacífico do programa atômico de Teerã.

O secretário de Estado americano, John Kerry, e a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, tiveram hoje na capital austríaca uma reunião de quase cinco horas com o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammed Yavad Zarif, para aproximar posições.

Sem fazer nenhuma declaração até agora à imprensa, os três voltaram a reunir-se em uma hotel em Viena após um recesso para jantar, segundo fontes da União Europeia (UE).

Kerry se uniu hoje a contatos iniciados ontem entre Ashton e Zarif, qualificados de “úteis” por um porta-voz comunitário, e que continuarão amanhã com a presença dos diretores políticos de Relações Exteriores do Grupo 5+1, formado por EUA, China, Rússia, Alemanha, Reino Unido e França.

Após ter conseguido avanços nas rodadas prévias, as equipes negociadores se chocaram com o miolo do problema: os limites e a amplitude que deve ter o futuro programa atômico iraniano.

O ponto mais delicado é a escala do enriquecimento de urânio, um material que tem uso duplo e que, dependendo de sua pureza, pode servir tanto para gerar energia elétrica em uma usina nuclear como para alimentar uma bomba atômica.

Por outro lado, a velocidade da suspensão das sanções internacionais que pesam sobre o Irã é outro ponto de conflito.

Teerã espera aliviar essas cargas de forma rápida após a assinatura de um acordo, enquanto as potências propõem uma retirada gradual à medida que se cumpra o pacto.

Outro empecilho importante, reconhecido por diversas fontes diplomáticas, é que o convênio que se alcance deve satisfazer a todas as partes, uma vez que os governos dos Estados Unidos e do Irã contam com fortes críticas internas a estas negociações.

E com “significativas diferenças” sobre a mesa, como as definiu uma fonte da UE esta semana, já se começou a falar de ampliar o prazo negociador que se deram Teerã e o grupo 5+1 para conseguir uma regulação definitiva ao litígio nuclear.

Em novembro do ano passado, Irã e o 5+1 fixaram um roteiro para fechar um acordo antes de 20 de julho, mas esse prazo expirou e as duas partes voltaram a colocar-se uma nova data limite: 24 de novembro.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, que ontem se reuniu com Kerry em Paris, assegurou em entrevista à imprensa na França que a data limite não é “sagrada”, com o que abriu a porta para uma possível ampliação.

Kerry, por sua parte, destacou na capital francesa que não queria entrar em “previsões” a esse respeito e declarou que um acordo ainda “não está fora de alcance”, mas reconheceu que restam “alguns assuntos difíceis a resolver”.

Segundo fontes diplomáticas americanas, durante o encontro trilateral de hoje não s debateria a possibilidade de ampliar as negociações além de 24 de novembro.

Zarif, por sua parte, disse em sua chegada a Viena que a atual fase das negociações é “crucial” e acrescentou que poderia ser necessário mais tempo porque “resta muito trabalho a fazer”.

O presidente do Irã, Hassan Rohani, expressou sua confiança nesta segunda-feira em que as negociações nucleares frutifiquem em um acordo no qual tanto Teerã como as grandes potências saiam ganhando.

A comunidade internacional teme que, sob o guarda-chuva de um programa atômico civil, o Irã pretenda contar com armamento nuclear, o que Teerã sempre negou. EFE

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