EUA não permitirão que Irã aproveite pacto nuclear, segundo especialistas

  • Por Agencia EFE
  • 21/04/2015 14h12

Teerã, 21 abr (EFE).- Os Estados Unidos nunca permitirão que o Irã se beneficie de um acordo que limite suas capacidades nucleares nem retirarão as sanções que prejudicam sua economia, segundo analistas iranianos contrários às negociações com o Ocidente afirmaram nesta terça-feira.

Esta foi a principal conclusão do encontro “A natureza das negociações nucleares” realizado na Universidade de Teerã, onde o acordo preliminar anunciado em 2 de abril na Suíça pelo governo Iraniano e as potências do Grupo 5+1 foi durante criticado.

Para os analistas, Irã não conta com nenhuma garantia de que os Estados Unidos respeitarão seus direitos nucleares, porão fim às sanções ou reconhecerão Teerã como uma potência regional, por isso o acordo só prejudicará a posição que o país conquistou até hoje.

Abolfazl Zohrevand, negociador da equipe nuclear iraniana em 2010 e antigo membro do Conselho de Segurança Nacional do Irã, denunciou a insistência do presidente americano, Barack Obama, em afirmar que um acordo com o Irã não significa ter “confiança” no país e que o fim das sanções dependerá da verificação que o Ocidente fizer da aplicação do acordo.

O especialista disse que não seria estranho se a verificação nunca for feita, devido à natureza da indústria nuclear, que sempre pode ser vinculada a um objetivo militar, e a insistência americana em assinalar que essa é a meta dos iranianos.

Para Zohrevand, o enriquecimento de urânio “não é aceito pelo Ocidente” e, se o Irã renunciar a ele, o caráter de dissuasão que a indústria nuclear tem para os inimigos do Irã se perderá.

Sadeq Kushki, professor universitário vinculado ao ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013), afirmou que os EUA não têm nenhum interesse em concluir as negociações e deseja prolongá-las o quanto puder.

Terminá-las não seria bom para seu “prestígio” e significaria “ter reconhecido e aceito” o Irã como um poder regional, segundo o analista.

“Os americanos não querem aceitar e reconhecer uma potência nova na região, mas seguir com as sanções porque essa é a única maneira que podem controlar o Irã, país que perturba seus interesses”, acrescentou. EFE

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